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A escalada de preços do gás natural está tirando a competitividade de usinas térmicas que utilizam essa fonte na geração de energia. O custo do gás acumula alta de 50% em 2021 e tem feito com que algumas térmicas tenham o Custo Variável Unitário (CVU) mais caro que algumas usinas movidas a diesel e óleo combustível.
Isso se deve porque o preço do energético é uma commodity com preço tabelado internacionalmente. O custo impacta especialmente as usinas sem contrato (conhecidas como usinas Merchant), que o preço é atualizado no curto prazo e por isso tem o Custo Variável Unitário (CVU) mais alto e com efeitos negativos sobre a conta de luz, já que o custo dessas novas plantas é rateado por todos os consumidores. Já nas usinas contratadas, o custo do gás reduz a margem de lucro dos empreendedores.
Segundo o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Efraim Cruz, é importante trazer luz a esse tema, já que tem impacto direto na sociedade. “Sobre a questão do gás, não temos como regular, pois ele faz parte de um mercado, mas é importante que a sociedade saiba que o gás fornecido pela Petrobras está com esse custo e que encarecerá a conta de energia elétrica do país”.
Para o diretor de Estratégia e Mercado da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Marcelo Mendonça, é preciso fazer uma análise alongando mais a curva de tempo para entender a oscilação do preço do gás.
O executivo lembra que em 2020, o preço do barril do petróleo caiu e com o agravamento mundial da pandemia e a redução do consumo o preço foi ainda mais puxado para baixo. Mendonça lembra que em 2021, “com o aumento da demanda e da mobilidade das pessoas, o preço do barril do petróleo subiu novamente”. Ele acrescenta ainda o efeito do dólar, que também oscilou muito nesse período.
Armazenamento de gás. Mecanismos de estabilização e fundos de controle podem diminuir a oscilação dos preços
Estabilidade
Para evitar esse impacto em um momento em que a economia ainda não se recuperou, a Abegás, inclusive tentou uma agenda positiva com a Petrobras para adiar o repasse, mas as negociações com a petroleira fracassaram. “Tem uma relação com o preço internacional, que de certa forma acaba pressionando o preço do gás natural para as termelétricas”, diz Mendonça.
O presidente da consultoria Thymos, João Carlos Mello, lembra que há mecanismos que podem reduzir a forte oscilação dos preços. “Tem soluções de fundos controle, fundos de estabilização, que a gente não fez ainda, mas que podemos fazer na medida que isso for necessário”.
A expectativa da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) é que os preços reduzam quando chegar o gás do pré-sal, já que, em teoria, o insumo teria um valor mais competitivo, porque não seria atrelado ao dólar e a cotações internacionais.
Segundo o diretor-presidente da entidade, Xisto Vieira Filho, como boa parte das térmicas previstas na resolução da Eletrobras são inflexíveis, “elas serão ótimas para receber gás do pré-sal, já que as usinas previstas na MP da Eletrobras têm 70% de inflexibilidade”, diz.
Se tudo der certo, o preço pode cair logo. Segundo o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural da ANP, a produção de gás natural no pré-sal em julho bateu recorde de 93,1 milhões de metros cúbicos diários de gás.