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As transmissoras de energia vão iniciar esse ano um projeto cooperado de pesquisa e desenvolvimento para a atualização dos critérios de confiabilidade das instalações da rede básica. A proposta é desenvolver uma série de estudos em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética e o Operador Nacional do Sistema Elétrico para avaliar os impactos do crescimento da geração da energia solar e eólica no Sistema Interligado Nacional.

Recentemente, o ONS reduziu o nível de confiabilidade de instalações de transmissão de N-2, onde há um backup no caso de ocorrências, para N-1, com o objetivo de possibilitar uma maior transferência de energia entre as regiões. O operador se concentrou na transmissão do Nordeste para o Sudeste e do Nordeste para a região Norte, no transporte de energia de usinas eólicas e também da hidrelétrica Sobradinho que está em melhores condições de armazenamento que as UHEs do centro sul.

“Nós queremos a energia renovável. A gente vai avaliar todas as questões dos seus impactos, porque antes a energia era gerada por grandes hidrelétricas e hoje é feita por milhares de usinas de porte menor”, afirma o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia Elétrica, Mário Miranda.

O projeto será coordenado pela Instituto Abrate, entidade criada pela associação para agregar e desenvolver estudos e pesquisas na área de transmissão. A ideia é de cada vez mais as empresas do segmento atuem de maneira cooperada, explica Miranda.

Além do P&D sobre a confiabilidade da rede, há um outro projeto que trata do Sistema de Inteligência Analítica do Setor Elétrico (Siase) com o processo de contratação do serviço já avançado. Ele envolve estudos relacionados a temas como tarifa locacional, sistema de gestão de tarifa e informação setorial. “Ambos são projetos transformadores”, destaca o presidente da Abrate.

Comparado a um carro sem estepe, o uso de um critério único de confiabilidade do sistema na situação atual de escassez hídrica significa testar na prática como cada linha de transmissão se comporta, considerando eventos como queimadas e outros fatores externos. Baseado na observação do que tem acontecido nos últimos anos, o operador do sistema chegou à conclusão que esses episódios ocorrem atualmente com frequência muito menor do que no passado.

“As transmissoras estão dando conforto ao ONS para fazer essa proposta. São riscos perfeitamente gerenciáveis”, garante o executivo. Ele conta que a instituição avaliou o transporte da energia por vários caminhos e verificou que as faixas de servidão têm sido muito preservadas devido ao efeito das campanhas contra as queimadas realizadas pelas empresas nessa época do ano e à conscientização da população.

Miranda lembra que sem o sistema interligado seria necessário 20% a mais de usinas para atender o país. Na crise atual, hidrelétricas como Tucuruí, no Norte, e Sobradinho, no Nordeste, estão abastecendo as regiões Sul e Sudeste.