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A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês), é um caminho sem volta em todo o mundo e no Brasil avança a passos largos. Esses temas não passam apenas pela preservação ambiental para atrair as empresas, esse é um pilar importante, sim, mas segue a tendência de demanda de toda a sociedade em termos de segurança e fonte de recursos para o desenvolvimento de negócios no longo prazo.
Esse tema foi alvo do segundo painel do Warm Up Enase 2021. Esse é um evento do Grupo CanalEnergia, by Informa Markets, realizado nesta quarta-feira, 15 de setembro, em preparação ao maior encontro político regulatório do setor elétrico, que neste ano ainda será digital e ocorrerá entre os dias 13 a 15 de outubro.
O painel contou com a moderação da diretora executiva da Escopo Energia, Lavínia Hollanda. Ela comentou que o ESG é uma tendência global e que a agenda ESG está no centro das atenções de grandes investidores. Essas organizações, destacou, têm como premissas não aportar seus recursos em quem não seguir essa agenda.
“No Brasil temos o reflexo dessa visão na B3 que reformulou o ISE, o índice de sustentabilidade empresarial atribuindo pontuação de ESG às empresas o que pode mudar o peso de cada companhia na carteira”, comentou. E lembrou ainda que a sinergia com o setor elétrico é grande no país, justamente pela relação direta do país com a geração por meio de fontes limpas, um dos pilares dessa agenda ESG. E que isso traz oportunidades para as empresas.
Essa avaliação foi reforçada ao longo do painel. Estiveram presentes empresas de diferentes matizes do setor elétrico cuja convergência estava justamente na agenda ESG. Fizeram parte das discussões companhias tradicionais no setor como a AES Brasil, a transmissora ISA Cteep, Atiaia Energia, de capital nacional, a Voltalia e a CTG Brasil.
Além da preservação do meio ambiente, relação com as comunidades locais, inclusão e outros temas relacionados às ODSs da ONU foram pontuados. Essa agenda atrai investidores, como relatou a executiva da Escopo. A CFO e diretora de Relações com Investidores da Isa Cteep, Carisa Cristal, destaca que esse mercado para empresas de capital aberto traz liquidez para os títulos.
O diretor de Estratégia e Sustentabilidade da AES Brasil, José Simão, destaca que a agenda ESG tem acelerado a demanda do mercado de investidores seja de equity ou dívida. Esse apelo, relata ele, é cada vez maior com os fornecedores de energia. “Hoje em dia, na mesa de negociações de contratos há pessoas dos clientes que atuam em sustentabilidade para entender o impactos dos projetos”, apontou.
Paulina Cysneiros, gerente de ESG/Sustentabilidade na Atiaia Energia, destaca por sua vez que a empresa que investe na agenda ESG tem menos riscos e é mais resiliente a choques da economia. Além disso, as taxas para a emissão são mais baixas, o que dá mais acesso ao mercado de capitais e de títulos como um todo. E exemplifica que entre março e junho de 2020, durante a fase inicial da pandemia de covid-19, o mercado normal viu uma queda significativa nas operações por falta de liquidez. “Para o mercado com foco em ESG essa queda quase não foi sentida”, lembrou.
Nesse sentido, aponta Amaury Neto, diretor de Gestão de Ativos na Voltalia, empresa listada na Bolsa de Paris, os certificados de energia renovável, I-RECs, demonstram os objetivos de desenvolvimento sustentável das empresas que adquirem e é uma ferramenta adicional para a agenda. Segundo ele, o ESG está no DNA da empresa, uma vez que atua predominantemente em eólica e iniciou a atuação na solar.
Apesar de ser aparentemente óbvia a relação e os benefícios da agenda ESG, ainda há desafios para as empresas. A diretora de Marca, Comunicação e Sustentabilidade na CTG Brasil, Salete da Hora, aponta a diversidade de interesses acerca dessa agenda. Um dos caminhos para alcançar resultados melhores está na inovação. Além disso, citou a questão de como engajar as pessoas da empresa nessa orientação e como estabelecer métricas para aferir os resultados.
“Não conseguimos ainda mensurar e quantificar o valor das ações de ESG nos títulos das companhias, mas é latente que tem impactos. Os investidores e analistas perguntam com recorrência sobre as ações dessa agenda”, corroborou a executiva da ISA Cteep.”Por isso vejo como desafio a adoção de métricas com padrões claros para a comparação entre as ações das diferentes empresas para separa aquelas que realmente têm compromisso daquelas que desenvolvem ações por modismos”, ressaltou Carisa.