Em meio a uma das piores crises hídricas da história e que impõe desafios a gestão do setor elétrico, inflando os preços da energia em todo país, a região de Fortaleza e arredores tem de lidar com outro problema paralelo. É que cerca de 120 torres das linhas de transmissão de 230kV e 500kV da Chesf, que interligam Sobral a capital cearense, vêm sendo sistematicamente sabotadas com a retirada das estruturas metálicas
Segundo a companhia, o trecho entre Pentecoste e Fortaleza é o mais atingido. Para se ter uma ideia o volume de material retirado é equivalente ao peso de uma torre de transmissão por mês e representa um grande risco de queda das estruturas e desabastecimento de energia elétrica para a região e cidades interioranas.
No dia 9 de maio, uma torre chegou a tombar na rodovia CE 401 em decorrência destes desvios, causando riscos de acidentes grave inclusive para a população circunvizinha. Além de recompor a LT no menor tempo possível, a companhia acionou a polícia estadual, federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para acompanhar o caso.
O diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin, destacou que mais de 20 toneladas de perfis metálicos de 120 estruturas foram retiradas pelos sabotadores, totalizando um prejuízo financeiro de mais de R$ 2 milhões.
“Para derrubar uma torre com mais de 30 metros de altura é preciso retirar muito material de sua base. Estamos tornando mais difícil o furto, com fiscalização, vigilância e novos procedimentos de fixação dos equipamentos, mas até o momento os atos de sabotagem continuam”, afirma.
As equipes da empresa estão mobilizadas no trecho crítico entre Pentecoste e Fortaleza, num trabalho contínuo de reposição de peças e reforço das estruturas, além de ações permanentes de inspeções.
O executivo também ressaltou que nesse momento de escassez hídrica, em que o Norte e Nordeste estão exportando energia para o Sudeste e Sul, uma ocorrência deste tipo pode provocar desligamentos de grande porte no estado.
“Para que essa sabotagem se interrompa é fundamental fortalecer o policiamento, investigação e haver a responsabilização das pessoas envolvidas”, finaliza o diretor.