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A venda dos ativos na fonte hídrica faziam parte do plano de recuperação judicial da Renova Energia. Quando as operações forem finalizadas, o que é esperado para o final deste ano a companhia em recuperação judicial afirma que estará com as questões financeiras equacionadas e pronta para o que chama de ponto de inflexão em sua trajetória. Em paralelo à redução de dívida na casa de R$ 1 bilhão, a empresa terá inclusive a geração de caixa de cerca de 170 MW do projeto Alto Sertão III fase A e mais 4,2 MW solares até o final deste ano.
“A venda da Brasil PCH era o grande pilar do plano, que somada à venda da Espra, permite que liquidemos R$ 1 bilhão em dívida, incluindo a pré-liquidação do DIP, empréstimo que tomamos para a retomada das obras de Alto Sertão III”, revelou o CEO da Renova Marcelo Milliet em entrevista à Agência CanalEnergia. “Assim sobram na empresa algo como R$ 230 a R$ 250 milhões, recursos suficientes para o saldo que falta investir no projeto a partir do ano que vem, bem como permite investimentos em desenvolvimento”, acrescentou.
Atualmente a Renova Energia não possui ativos operacionais em sua carteira de projetos. Os últimos que geravam caixa eram justamente esses da Espra, cuja venda foi anunciada no final da noite de segunda-feira, 20 de setembro. Contudo, Milliet afirmou que estar nessa situação é mais positivo do que se a Renova vendesse mais um ativo eólico.
Na análise feita se não vendessem os ativos hídricos teriam que se desfazer de Alto Sertão III, mas que o valor do parque depois do investimento é mais alto do que as empresas negociadas. Além disso, destacou que a geração eólica é o core business da Renova, assim como um futuro investimento em fontes solares. Além disso, destacou que até o final do ano o projeto estará com geração proveniente de 170 MW em um volume total de 430 MW que o projeto possui na Bahia e que gerará ebitda de R$ 250 milhões quando terminado.
“Essa venda que realizamos era dos ativos mais líquidos que tínhamos, sem vender empreendimentos não teríamos como fazer frente aos compromissos”, comentou. “Nossa visão é concentrar no que será o core business, ou seja, a eólica e a solar e a escolha por vender as PCHs veio pela liquidez dessas usinas que nos permitiu o valuation adequado”, explicou.
Milliet afirmou que Alto Sertão III fase A ficará no portfólio da companhia, diferentemente de outros projetos, vendidos à Engie e à AES em um passado recente ainda no processo de RJ. Além da conclusão desse empreendimento que tem contratos no mercado regulado e no mercado livre com a Cemig e a Light, há planos para que a Renova coloque ali na região de Caetité um novo projeto, mais provavelmente solar.
“Temos mapeados projetos em termos de energia solar e um deles inclusive em Caetité, região que além de vento é rica em recursos solares. Além disso há sinergias. Alto Sertão III terá 430 MW mas a subestação que temos tem capacidade de escoamento de 1 GW, podemos agregar outros projetos na mesma subestação e ainda teremos nosso centro de operações”, revelou. “Estamos olhando no entorno no NE onde há potencialidade de investimentos em solar, mas esse de Caetité deve ser o primeiro”, estimou.
Sobre a forma de contratação a Renova não quer reinventar a roda, ainda não há uma definição sobre como será feita a venda, se leilão ou mercado livre. Mas até mesmo a inflexão de voz do executivo mudou quando questionado sobre a autoprodução, um movimento que grandes empresas estão adotando no país. Aparentemente, a companhia vai surfar essa onda do momento. “Esse é certamente um caminho que buscaremos sim, com grandes empresas que querem energia limpa e renovável, quando falo em parcerias e investimentos a autoprodução está inserida nesse contexto”, contextualizou ele, que citou também possibilidade de parques híbridos.
A Renova possui um pipeline de 5 GW em eólica, cuja parte deverá ser alienada ainda como parte do processo de recuperação judicial. Mas, continuou Milliet, agora a empresa está em uma condição mais sólida. Tanto que a partir de 2022 terá mais clareza quanto a um plano de investimentos de longo prazo, por enquanto ainda está focado em executar essas vendas e continuidade do plano.
A velocidade da execução dos futuros projetos, disse ele, deverá se inicialmente, mais paulatina a depender da capacidade de captação de recursos da empresa. “Estamos no ponto de inflexão, ainda teremos fatos a mostrar ao mercado, colocar em funcionamento o projeto e mostrar que é sólido, isso vai reforçar nossa posição junto ao mercado”, assegurou.