Em evento promovido pelo Jornal O Globo nesta quarta-feira, 22 de setembro, a economista-chefe do Crédit Suisse Brasil, Simone Srour, estimou que um recuo obrigatório no consumo de 10% pode levar o PIB de 2022 a queda de um ponto percentual. A expectativa do banco é de PIB de 1,1% para 2022, levando o índice a zero em caso de racionamento. Segundo ela, a incerteza do racionamento se junta a outros entraves da economia brasileira, como a falta de avanços em determinadas áreas, como as reformas estruturais.
Segundo ela, os empresários não estão tomando decisões porque ao mesmo tempo que 2022 será um ano de eleições em que é difícil a previsão de cenários, a crise hídrica ainda persiste. “Ao mesmo tempo, eles podem ter que reduzir compulsoriamente o consumo de energia, o que afeta muito a indústria e o setor de serviços, que é grande parte do PIB”. Para a economista, a crise hídrica atinge o Brasil quando ele começa a se recuperar e acaba por trazer uma incerteza mesmo sem um racionamento decretado.
Para o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP e membro do IPCC, desde a conferência Rio-92 já se alertava que o governo deveria planejar ações a longo prazo, levando em conta o que já estava ocorrendo no planeta. Segundo ele, o Brasil é um país muito vulnerável na temática da mudança climática, devido ao agronegócio e a geração de energia. “Há 30 anos que a ciência alerta que vai haver uma redução gradual de precipitações no Brasil Central e na parte leste da Amazônia e no Nordeste e vai haver um aumento de eventos extremos como a seca que temos agora”, relembra.