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Com objetivo de acessar o quase inexplorado potencial de biometano existente no Brasil, a Vibra Energia e a ZEG Biogás firmaram um Acordo de Cooperação para oferecer aos fornecedores de etanol da Vibra uma solução integrada de produção de biometano. A meta das empresas é ambiciosa: produzir 3 milhões de metros cúbicos de gás até 2030, além de fomentar este incipiente mercado de biometano no país.

Os executivos das companhias conversaram com a Agência CanalEnergia e deram detalhes dos planos para o futuro. Inicialmente, os executivos listaram prioritariamente 300 usinas de etanol de 60 grupos industriais fornecedores de etanol da Vibra, com base na localização e demanda energética, e como elas podem utilizar o biometano a partir da vinhaça e efluentes de seus processos produtivos.

O potencial de mercado é gigantesco. O CEO da ZEG, Daniel Rossi, conta que hoje há mais interessados em comprar o insumo do que a capacidade de produzir por conta das diversas vantagens econômicas e ambientais do biometano.

O diretor executivo de Operações, Logística e Sourcing da Vibra, Marcelo Bragança, disse que esses fornecedores da companhia utilizam diesel em suas operações nos canaviais. Além disso, o processo produtivo do etanol gera o subproduto vinhaça, o principal passivo ambiental da indústria sucroalcooleira.

O objetivo é que esse material seja aproveitado para produção de biometano e ao final do processo também como fertilizante para as próximas safras. A ideia “não é só substituir a necessidade energética de diesel de uma usina, mas especialmente levar esse biometano para o mercado que utilizam diesel, GLP e gás natural”, diz Bragança.

Além de uma oportunidade para reverter um passivo ambiental em um ativo ambiental, Rossi destaca que esse resíduo apresenta um potencial de mercado “melhorando as notas de crédito de Cbios, aumentando as potencialidades de emissão de crédito de carbono, além de uma nova linha de receita”.

Rossi conta que o principal objetivo é a produção de combustível, mas há a possibilidade de uso para geração de eletricidade. “Além do benefício do crédito de carbono, o biometano faz um movimento de substituição de frotas pesadas movidas a diesel que causam diversos problemas diretos e indiretos para a sociedade”, afirma.

Pré-sal caipira
De acordo com dados da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), hoje o potencial de biogás é de 120 milhões de metros cúbicos por dia, porém menos de 2% disso é aproveitado. Esse potencial de biogás para geração do biometano poderia substituir até 70% do consumo do diesel do Brasil.

Esse pré-sal caipira coloca o Brasil como o país de maior potencial no mundo para a produção insumo por sua vocação na agroindústria. “A gente tem um espaço junto com a ZEG para explorar isso ao longo do tempo e em 2030 a gente vai estar comercializando mais de 3 milhões de metros cúbicos por dia”, conta Bragança

A substituição é viável financeiramente, já que o custo da molécula é competitivo tanto com o diesel – uma das maiores fontes de custos das usinas de açúcar e álcool – quanto com o gás natural, com o atributo ambiental positivo. Ainda é complexo calcular quanto seria essa redução, já que cada usina terá um modelo personalizado que varia conforme a capacidade de produção e identificação de potencial de consumo interno e a proximidade do mercado consumidor. A ideia é que as empresas tracem planos de trabalho detalhados junto a cada fornecedor de etanol que se interesse pela solução do biometano.

“A gente tem um espaço junto com a ZEG para explorar isso ao longo do tempo e em 2030 a gente vai estar comercializando mais de 3 milhões de metros cúbicos por dia”,
Marcelo Bragança, da Vibra Energia

Investimentos
O investimento nas plantas de biometano depende da capacidade instalada, mas varia em torno de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões e contemplam dois modelos de negócio: a Vibra e a ZEG podem assumir os aportes e o empreendedor entra fornecendo a vinhaça ou a usina de etanol pode junto participar do investimento.

A comercialização do insumo fica a cargo da ZEG e da Vibra, já que ambas têm acesso ao mercado. No caso da Vibra, a companhia tem uma carteira de mais de 18 mil clientes que podem ser acionados. Bragança conta que o telefone do executivo já está tocando e muitos parceiros já buscam detalhes de como isso pode acontecer. “O mercado está muito interessado em produzir biometano a partir da vinhaça”, diz o executivo.

“Somos uma empresa de distribuição de combustíveis que está se tornando uma empresa de energia e explorando novas fontes, como o biometano e pretendemos ter um papel muito relevante”, acrescenta.

“Além do benefício do crédito de carbono, o biometano faz um movimento de substituição de frotas pesadas movidas a diesel que causam diversos problemas diretos e indiretos para a sociedade”,
Daniel Rossi, da ZEG Biogás

Fomento de mercado
Daniel Rossi, da ZEG, lembra que hoje o biometano não tem políticas de incentivos e subsídios, por isso a iniciativa privada, por si só, é que fomenta o desenvolvimento deste mercado. Entretanto, ele acredita que isso deve mudar assim que os atributos da fonte forem mais bem percebidos pelos planejadores do sistema energético. “Em pouco tempo, o governo vai se dar conta dos benefícios ambientais e econômicos do biometano”, prevê.

Ele acha que isso é um processo de construção social em que os benefícios da fonte estão aos poucos ficando cada vez mais claros para a sociedade. Especificamente no caso da parceria da ZEG com a Vibra, além da diversificação do portfólio de combustíveis, Rossi destaca a versatilidade do energético.

“Do ponto de vista do consumidor, o biometano é um combustível renovável totalmente intercambiável com o gás natural convencional e inclusive utiliza-se da infraestrutura de distribuição já existente, sendo um vetor importante para acelerar a transição energética no país”, finaliza.