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Cerca de um terço da indústria química tentará aderir ao programa de Redução Voluntária de Demanda de Energia Elétrica (RVD). A informação é da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Segundo a diretora de Economia e Estatística da entidade, Fátima Ferreira, o setor é intensivo em energia e opera quase todo em processo contínuo, de modo que reduzir ou deslocar a demanda para fora do horário de pico é um processo difícil. Entretanto, uma parcela significativa do setor deve aderir ao programa.
“Diminuir o consumo de energia é complicado, mas temos 1/3 das associadas vão tentar seguir o programa de redução voluntária da demanda. Quase 40% não vai conseguir reduzir o consumo (…) e temos um conjunto de empresas de menor porte que desconhece o programa”, afirma a executiva à Agência CanalEnergia.
Segundo a diretora da entidade, muito dos esforços que o setor poderia fazer para reduzir o consumo de energia por meio de eficiência energética já foram feitos nas crises de 2001 e de 2014. “Hoje o setor da indústria química já está trabalhando no processo mais eficiente do ponto de vista de quantidade demandada de energia por tonelada produzida”, diz.
Mercado aquecido
Outro ponto que impede que o setor reduza mais a demanda de energia é o quarto trimestre, pois este é o período em que a produção sempre se encontra num patamar alto. Essa demanda segue acelerada desde meados de 2020, e continuou forte inclusive em boa parte da pandemia, já que parte dos produtos da indústria química são usados na prevenção, combate e tratamento da Covid-19.
O receio de racionamento ou apagões tem inclusive feito com que algumas companhias partissem para autoprodução de energia, já que uma breve interrupção pode causar prejuízos enormes. Ela exemplifica o tamanho desse problema. “Tem empresas que tiveram apagão de um minuto e levaram cerca de um mês para retomar as operações normais.”
Energia cara
Além da preocupação com a segurança no suprimento, o custo da energia é outro fator de atenção da indústria química, já que a escalada de preços cada vez mais tem tirado a competitividade do setor industrial em geral. Especificamente no segmento da química, hoje a energia é o segundo item de maior relevância dentro dos custos de produção, respondendo por 20%, em média, mas em alguns segmentos mais eletrointensivos, como gases industriais, cloro e soda, a energia chega até 60% do custo.
O grosso das empresas adquirem energia no mercado livre tentam diversificar a matriz para fontes renováveis, porém uma parte das pequenas empresas ainda está no mercado cativo. Apesar dos sinais de melhora da economia e demanda em alta, o futuro ainda é incerto em relação aos custos da energia. “Virá uma pressão maior sobre os custos quer pela energia elétrica ou pelo gás natural”, prevê Coviello.