Diante dos objetivos globais de transição energética para uma economia de baixo carbono, a busca dos agentes do setor elétrico por ativos ESG (Environmental, social and corporate governance) tem se tornado cada vez mais determinante no atual contexto. Essa foi uma das constatações do painel que debateu a eletrificação e descarbonização da economia pela visão do setor no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase).
O tema é objeto de estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que está em fase de conclusão de um relatório sobre a criação de um mercado de precificação de carbono e é consenso entre os players que as novas fontes renováveis podem contribuir para a criação de um mercado de carbono no Brasil.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, conta que tem observado uma busca ao longo do desenvolvimento da indústria eólica no Brasil e “certificados de energia, de carbono e atributos das fontes renováveis, tem gerado uma demanda crescente entre os agentes”.
“O crescimento do interesse pela certificação e compra dos RECs sinaliza que as empresas estão preferindo consumir energia renovável e, ao mesmo tempo, mostra o compromisso com a mudança de comportamento energético”, diz.
Hoje já são mais de 100 usinas de energia eólica certificadas e o Brasil está se destacando neste mercado global. Os estudos da consultoria PSR inclusive mostraram a importância de uma maior interlocução do setor elétrico com outros segmentos para descarbonizar outras economias, já que o modelo brasileiro de geração de eletricidade é considerado bastante limpo e altamente renovável, quando comparado com a média mundial, e a certificação simboliza o engajamento com a diminuição de gases nocivos e do impacto gerado pelo consumo de energia.
Mobilidade elétrica
O setor de transportes hoje é um dos principais vetores ainda a serem descarbonizados. Enquanto o mundo avança em políticas de apoio a esse modal, o Brasil ainda engatinha. Embora durante o uso de veículos elétricos a emissão seja baixa, essa indústria tem o desafio de construir sem emitir gases de efeito estufa.
O presidente da Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), Carlos Brandão, rebate essa ideia. Segundo ele, as novas tecnologias e as energias renováveis permitem que a descarbonização aconteça em toda a cadeia, “além de imprimir todos os benefícios para toda a sociedade”.
Segundo ele, é preciso intensificar a discussão sobre armazenamento de energia para aperfeiçoamento dos aspectos tecnológico, regulatório e comercial para que essas tecnologias apresentem evolução e migrem para um estágio operacional e com resultados.