O presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, defendeu um limite de queda do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) durante o Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), promovido pelo Grupo CanalEnergia by Informa Markets.
Para ele, a queda nos preços de energia no mercado de curto prazo em um momento em que o país passa por uma profunda crise hídrica desestimula o programa Redução Voluntária da Demanda (RVD) criado para reduzir a demanda de grandes consumidores nos horários de pico.
“Estamos num cenário em que estamos pagando térmicas de R$ 2.500/MWh e estamos vendo o PLD cair para R$ 200/MWh. Isso é um absoluto desestímulo ao programa Resposta da Demanda, pois estimula o consumo e a contratação”.
Ele argumenta que a contratação de energia é para a proteção da variação de preços e para o mercado ter mais estabilidade. Entretanto, os subsídios e encargos têm pesado sobremaneira sobre os custos, tirando a previsibilidade do mercado e causado um comportamento de fuga. “No setor elétrico, o contrato perdeu o valor”, diz.
Pedrosa defende que a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (Creg) deveria criar limites contra a variação de preços em contextos excepcionais.
“Nós entendemos que a Creg deveria avaliar mecanismos, como foi feito em 2001, para criar um teto ou um limite de preços para que ele não caia abaixo daquele limite no momento em que a gente está gerando térmicas na quantidade que estamos gerando”, afirma.
Segundo ele, essa é uma distorção da alocação de riscos causada pelos encargos e a formação de preços está errada. “Estamos com o preço de R$ 200/MWh ao mesmo tempo que geramos energia dez vezes mais cara do que a média do sistema. Não caberia uma intervenção momentânea sobre o preço”, questiona.