A inovação tecnológica será a principal vantagem para a transição energética. Essa foi uma das conclusões dos especialistas no último dia do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), em que o debate colocou o Brasil como um dos principais protagonista dessa revolução energética por conta das peculiaridades de uma matriz limpa e renovável, em relação ao resto do mundo.
Na avaliação do diretor de Operações da Lactec, Lauro Elias, o contexto é pertinente para que isso aconteça. Ele destaca as tecnologias do hidrogênio, mobilidade elétrica, storage, termosolar (armazenamento), inteligência artificial, além do volume de dados necessários para trazer informação em tempo real e de maneira mais inclusiva.
“Temos um regulador atuante, um contexto político favorável e um aspecto tecnológico promissor (…) Mais de 50% dos CEOs globais estão preocupados com inovação dentro das empresas”, calcula.
Elias destaca que soluções baseadas em inteligência artificial serão cada vez mais necessárias em um sistema elétrico, que tem se tornado mais complexo com a expansão de fontes intermitentes e recursos energéticos distribuídos. Já o presidente do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), Amilcar Guerreiro, afirma que a inovação é indispensável para a transição energética, em que as velhas práticas do passado precisarão ser revistas ou deixarão de existir.
“Armazenamento de energia sempre foi uma questão-chave. No passado, nós resolvemos com grandes reservatórios (…) agora vai ser um armazenamento diário ou semanal que precisa ser precificado”, prevê.
Neste mundo de novas tecnologias que prometem revolucionar o setor de energia, o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) foi uma plataforma que nasceu inovadora ao fornecer a possibilidade de negociação de energia no mercado. “Inovamos com o primeiro pregão de energia do Brasil”, lembrou Carlos Ratto, presidente do BBCE.
Estratégia ESG
O tema da transição energética também promete a transição justa e acessível para os cidadãos comuns nas democracias. Esse ponto foi levantado por Guerreiro ao colocar como fundamental a necessidade de diversidade de pessoas e de ideias.
“Parte da nova inovação é acelerar e trazer gente nova que ainda não teve a oportunidade”. O presidente da Vibra, Wilson Ferreira Junior, contou que a companhia está comprometida com a temática ESG (Environmental, social and corporate governance, na sigla em inglês) e que essa é uma prerrogativa das empresas que querem ter sucesso neste novo mundo e ressalta a importância da diversidade nas questões de gênero, raça, orientação. “As questões de ESG precisam estar na pauta. Se não fizermos isso, os investidores nos abandonam”, afirma.