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Desde a entrada no mercado brasileiro com a compra de dois pequenos parques eólicos na Paraíba, até a aquisição da outorga da hidrelétrica São Simão, em Minas Gerais, a trajetória da Spic Brasil vem transformando a empresa em referência para a matriz na China. O resultado é fruto da implantação de um programa de integridade e de gerenciamento de risco robusto, que teve como meta desde o início sustentar a trajetória de crescimento da geradora no médio e longo prazos.
Em agosto do ano passado, a subsidiária da State Power Investment Corporation of China adquiriu 33% dos projetos termelétricos GNA I e II, em São João da Barra, Rio de Janeiro, passando da posição de 11ª para a 8ª maior empresa de geração do país. São sócios nos empreendimentos a gás de 3GW a Prumo Logística, a BP e a Siemens.
O desafio começou em 2019, quando o programa de integridade e compliance, juntamente com o gerenciamento de riscos, começou a ser desenhado como uma estratégia pela CEO da Spic Brasil, Adriana Valtrick. A executiva foi nomeada recentemente embaixadora do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes), da ONU, é uma das lideranças empresariais brasileiras presentes na COP 26, em Glasgow.
O crescimento dos negócios imaginado pelos chineses se deu até agora por meio de aquisições. A proposta de expansão dos negócios fora da China, as demandas do mercado de capitais, de clientes, acionistas e, eventualmente, do mercado de ações, considerando a possibilidade de abertura de capital no país, balizaram a ideia de implantar uma cultura de baseada em valores e nas melhores práticas do mercado internacional, explica o diretor de Risco e Compliance da SPIC Brasil, Odair Oregoshi.
A matriz enxerga a filial brasileira, hoje o maior negócio da Spic fora da China, como um benchmark no processo de internacionalização dos negócios. A companhia está presente também em países como Chile e Austrália. “Como nós temos conhecimento tanto do mercado local quanto do mercado americano, das regras internacionais, ela nos vê com exatamente esses olhos de ‘olha temos aqui um caso muito prático de práticas internacionais’, como as utilizadas na OCDE, por exemplo, que contribuem mais do que nunca com essa troca de conhecimento que a gente está tendo”, afirma Oregoshi.
O diretor da Spic pontua as ações de conformidade como uma iniciativa brasileira com DNA próprio, que acabou transformando o programa um case de sucesso. A geradora começou pequena, com 15 funcionários e cresceu a partir do leilão de São Simão, uma usina 1.710 MW que pertenceu à Cemig, em 2018. “A empresa deu um boom da noite para o dia. Passou de um mero desconhecido no Brasil para uma empresa que já detinha São Simão junto com eólica.”
Após a relicitação do empreendimento, houve ainda um período de transição até a transferência da operação pela estatal mineira. A prioridade inicial foi manter a usina operando, com a montagem de uma nova equipe de colaboradores. São Simão passa atualmente por um processo de modernização, um projeto de mais de dez anos que prevê a remodelação da usina.
O segundo momento foi marcado pela adoção de procedimentos como manda a cartilha dos investidores, tanto nacionais quanto internacionais, incluindo código de conduta, canal de denúncias totalmente independente e sigiloso, treinamento em toda a base de colaboradores, mas, principalmente, com as diretorias e os principais executivos.
Em 2021, a carga horária de treinamento superou 120 horas, incluindo trabalhadores, diretores e a própria CEO. É o equivalente a mais ou menos 15 dias úteis de preparação o ano inteiro, compara o executivo. “Para uma empresa que ainda hoje é de capital fechado no Brasil a gente conseguiu avançar em muito em vários standards que o próprio mercado de capitais ou o mercado global de ações, por exemplo, demandam”, diz Origoshi.
Ele confirma a intenção, no longo prazo, de abertura de capital da geradora no país, mas ainda sem data para que isso aconteça. Admite que é preciso considerar futuras fontes de financiamento e como a companhia vai sustentar seu crescimento. “Existem vários estudos, e você sabe melhor do que eu, nessa condição em que o Brasil se encontra, um IPO depende das condições de mercado, de outros fatores externos, e hoje, de verdade, o cenário não é dos mais favoráveis.”
A Spic chinesa já é listada na bolsa de Hong Kong e, por isso, já tem que atender padrões internacionais. Para o executivo, a Spic Brasil atingiu um outro patamar, com a implantação do programa de compliance. Um ciclo esta se completando agora, com a conclusão do que a companhia considera a primeira onda, mas falta avançar em outros processos que estão sendo discutidos internamente.
A próxima fase tem muito a ver com reforçar publicamente o comprometimento com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. “A gente tem discutindo isso muito com o pessoal do Pacto da ONU. Nós começamos um primeiro estágio como signatários e agora, por exemplo, a gente faz pleito para se tornar uma das empresas do conselho orientador do Conselho de Administração do Pacto Global aqui no Brasil.”