Com bons resultados financeiros no último trimestre, o diretor financeiro da Engie Brasil, Marcelo Malta, disse durante teleconferência ao mercado nesta sexta-feira, 5 de novembro, que o foco da companhia seguirá nas fontes renováveis e na ampliação dos investimentos em usinas solares para complementar seu portfólio de eólicas nos próximos anos.

O executivo destacou que no curto e médio prazo surgirão oportunidades interessantes de fusões e aquisições para a empresa, que tem verificado uma demanda aquecida e grande competição de projetos desse tipo, com o objetivo de capturar o benefício na redução dos custos de transmissão e distribuição.

“A informação é de que por conta da demanda de redução do fio temos algo em torno de 8 GW em projetos sendo desenvolvidos e um portfólio que pretendemos homologar e definir quanto a implantação”, ressaltou Malta, indicando a preferência em ir ao mercado livre para capturar os preços mais atrativos para viabilização.

Quanto a novos ativos hidrelétricos, o diretor disse que a maioria dos projetos estão impossibilitados pela questão ambiental, que dificulta o andamento de obras de usinas com reservatórios amplos. No entanto a companhia segue atenta a qualquer possibilidade que possa incrementar sua carteira, como fez recentemente na área de Transmissão com os sistemas Gralha Azul e Novo Estado Transmissora.

Capex e estrutura de capital

Com relação a capex, Malta ficou bastante surpreso com os níveis recebidos de informação, como de R$ 5,3 milhões por MW instalado no complexo eólico Santo Agostinho (434 MW – RS) e outros projetos com níveis em torno de R$ 4 milhões por MW instalado.

“Por conta da elevação no preço das commodities nossa expectativa é que esse capex seja além do que viabilizamos em Santo Agostinho, entre R$ 5,3 e R$ 6 milhões por MW”, salientou, assegurando que todos hedges de câmbio e commodities foram feitos para mitigar qualquer risco.

“Claro que podemos sofrer pressão por parte dos fornecedores mas nosso contrato é bastante robusto e uma necessidade de renegociação não irá gerar impactos negativos”, crava o executivo.

Perguntado sobre a possibilidade do aumento na taxa Selic fazer a empresa rever sua estrutura de capital e plano de capex, Malta admitiu que essa avaliação sobre antecipação de captações é constante e que o movimento dos juros é um fator importante a ser considerado, ainda que a Engie atue com uma estrutura robusta e espaço considerável para financiar o equity desses projetos, tendo alavancagem atual de 86%.

GD fora do radar

Outra questão levantada na teleconferência é o interesse da empresa em atuar na geração distribuída, visto sua controlada na área ter diminuído de tamanho nos últimos anos apesar do setor se mostrar aquecido.

Segundo o diretor financeiro, o objetivo da subsidiária foi conhecer um pouco melhor o mercado, que se mostrou muito competitivo a partir de agentes com níveis de custo bem inferiores aos da companhia, que tem de lidar com padrões de governança e a gestão com a holding.

“Apesar de vermos players investindo nesse segmento nossa experiência ficou aquém do que imaginávamos. O que temos percebido é que dificilmente vamos ser competitivos para ampliar nosso portfólio nesse mercado e então vamos focar nas renováveis”, definiu Marcelo Malta, informando que a Engie iniciou um mapeamento para avaliar potenciais compradores.

Expectativa GSF

Apesar dos níveis pluviométricos terem melhorado em outubro, o executivo lembrou que o trimestre foi o mais crítico em termos de GSF, de 51,3%, um PLD no teto com impacto de R$ 80 milhões negativos no resultado da companhia, que enxerga um cenário ainda de incerteza quanto a expectativa do risco hidrológico para 2022, que dependerá do término do período úmido e da questão da carga e do crescimento econômico.

“Tivemos uma boa surpresa com as chuvas em outubro, um dos melhores históricos para esse mês, e trabalhamos com uma perspectiva positiva também para novembro, com os preços caindo como em outubro”, indicou o executivo, falando em GSF talvez menos grave do que em 2021 ou talvez uma perspectiva não tão positiva, mas que muito provavelmente não repetirá esse ano.