A AES Brasil projeta encerrar o ano de 2023 com 4,4 GW em capacidade instalada operacional. Essa expectativa decorre de uma combinação entre o prazo para o encerramento do benefícios do desconto fio e a adoção de agenda ESG por empresas que buscam reduzir emissões no consumo de energia elétrica. Esse crescimento poderá se estender a até mais 1,5 GW em projetos que a empresa possui em seu pipeline para entrar em operação comercial até 2025, data limite para a concessão do benefício.
Por isso, a CEO da companhia, Clarissa Saddock, vê uma possibilidade de que haja excesso de oferta de energia por causa da busca por novos projetos renováveis nesse período. Contudo, a executiva não vê nenhum problema para a empresa porque a AES Brasil busca fechar contratos como ela classificou, de ‘longuíssimo prazo, de no mínimo 15 anos a até 20 anos”.
A CEO destacou durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre de 2021 que a empresa encontrou um novo produto com boas perspectivas, o contrato de longo prazo dolarizado. “Essa era uma demanda antiga de nossos clientes. Fechamos 300 MW de longo prazo ante uma demanda de 3 GW de clientes que queriam ter acesso. Essa é uma nova linha de negócios e deverão vir outros contratos na sequência”, afirmou.
Clarissa não detalhou os termos do acordo dolarizado. Disse que na estruturação não está previsto hedge por ser dolarizado, uma vez que demandaria uma ‘marcação a mercado’ ao longo da duração do contrato. Essa ação seria ruim para a empresa, que apresentaria volatilidade em seu resultado. “De maneira simplificada, se o dólar ficar flat nós chegamos a um retorno próximo ao mínimo exigido, se sofrer acréscimo de diferencial de inflação pode agregar retornos adicionais e consequentemente teremos essa receita”, ressaltou.
Em relação à expansão, além do pipeline de 1,5 GW a AES Brasil continua a avaliar ativos, contudo não aponta quais podem ser ou quando em termos de volume. A CEO destaca que depende da oportunidade de mercado. Novos projetos deverão ter como premissas sinergias com as usinas que a empresa já detém, como em Cajuína quando estiver todo comercializado.
Aliás, sobre esse projeto eólico em construção a AES já assegurou 684 MW em aerogeradores encomendados à Nordex Acciona de um total que é previsto naquele complexo de 866 MW. Na Fase A são 314 MW e na B mais 370 MW. A entrada em operação é prevista para a primeira metade de 2023. Já em Tucano, são 322 MW em PPAs que seguem o cronograma e o orçamento da empresa. Ainda neste ano são esperadas as primeiras entregas dos equipamentos e a energização está estimada para o segundo semestre de 2022.
Com isso, a AES Brasil estima chegar a uma distribuição de seu portfolio sendo 45% da fonte hídrica, 45% eólica e 10% solar nos próximos anos. A partir de 2023 serão 1.874 MW médios de garantia física.