Quase 70 mil unidades consumidoras de grande e médio porte já poderiam migrar para o mercado livre, pelas regras atuais de acesso a esse ambiente. É o que mostra mapeamento feito pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica com consumidores como indústrias ou shopping centers, com carga acima de 500 kW.
O estudo foi elaborado a partir de informações do Sistema de Inteligência Analítica do Setor Elétrico, da Agência Nacional de Energia Elétrica. A Câmara analisou dados dos meses de janeiro, julho e novembro de 2020, retirando do levantamento unidades consumidoras que migraram para o ACL até o final do primeiro semestre de 2021.
Atualmente, apenas consumidores em alta tensão com carga a partir de 500KW podem sair do mercado regulado para o ambiente livre. A CCEE destaca, porém, que falta aos segmentos analisados no estudo uma maior oferta de contratos que garantam uma conta mais barata, simples e com risco reduzido. Além disso, essas empresas não tem, no geral, equipes especializadas em gestão de compra e venda de energia, papel que pode ser desempenhado por um comercializador varejista.
A CCEE aponta um potencial de adesão de 175.632 novas unidades, quando todo o Grupo A puder fazer livremente a escolha do seu fornecedor de energia elétrica. Esse segmento tem um consumo de 8.653 MW médios e poderia ampliar a participação do mercado livre no sistema elétrico para até 46%.
O fim das barreiras de acesso ao ACL vai alcançar no futuro também os consumidores em baixa tensão, que hoje estão no ACR. De acordo com a CCEE, caso as mais de 11 milhões de unidades consumidoras não residenciais do chamado Grupo B também migrassem para mercado livre, a participação no mercado total ficaria em 59,1%.
A vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, Talita Porto, afirma que a atuação do agente varejista é importante no processo de abertura do mercado porque ele vai cuidar da parte burocrática e tornar a comercialização mais atrativa, simples e segura para os consumidores, assumindo parte dos riscos associados às volatilidades do mercado.
A executiva reforçou em debate no Brasil Wind Power nesta quarta-feira, 10 de novembro, que a abertura do mercado é importante, mas a Câmara defende que ela seja feita de forma ordenada.