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A estimativa de que o mundo deveria investir quatro vezes mais do que fez em 2020 para a expansão da fonte eólica global e atender assim os compromissos assumidos no Acordo de Paris abrem um novo desafio para a cadeia de fornecimento dessa fonte. O tema esteve em pauta durante Brazil Windpower 2021, evento realizado pelo Grupo CanalEnergia, by Informa Markets, ABEEólica e GWEC. Neste primeiro dia do evento realizado nesta quarta-feira, 10 de novembro, a percepção é de que o Brasil tem condições de ser um hub exportador, pelo menos em nível regional.
Segundo Rodrigo Ferreira, líder de Procurement para Latam da Vestas, o país é competitivo sim. E cita como exemplo uma situação vivenciada por ele mesmo. O executivo lembrou que liderava uma operação nos Estados Unidos e buscou fornecimento de componentes no Brasil. “Aqueles que pensaram grande e se qualificaram para atender não somente a demanda local, esses tiveram acesso ao mercado internacional e de forma competitiva, há oportunidades e a perspectiva continua assim uma vez que temos que aumentar muito os investimentos para atender as metas climáticas”, afirmou ele.
Por sua vez, Brian Pitel, líder da divisão de Onshore Wind da GE Renewable Energy na América Latina, concorda que é necessário ter esse pensamento por parte dos fornecedores de equipamentos e a sua cadeia de subfornecedores deve acompanhar esse movimento. No caso da GE, o Brasil está em uma posição de destaque uma vez que no mercado local se tem o uso de algumas dos maiores aerogeradores onshore.
“Máquinas maiores vem com novos desafios, a logística é um desses e que acaba impactando no custo”, destacou.
Na busca pela redução de custos o desenvolvimento de novas plataformas entrou na discussão, uma vez que é cada vez menor o tempo que separa duas nova linhas de um mesmo fabricante. A WEG, por exemplo, destacou João Paulo Gualberto da Silva, Diretor Superintendente da divisão Energia da empresa, já iniciou os primeiros passos para uma nova máquina. A empresa ainda não tem um modelo comercialmente lançado e já pensa na próxima geração.
Segundo o executivo, a terceirização pode ser um caminho desde que fique mais concentrada em pontos que não são o core business do fabricante.
Felipe Ferres, Country Managing Director da Siemens Gamesa, lembra que a empresa vem trabalhando com as mesmas pás e que a questão é de aumentar a dimensão o que implica em mais seccionamentos do componente quando comparado a outro de menor dimensão. Mas que nesse caso é necessária alguma mudança nos materiais utilizados, mas que o design deve ser o mesmo.
Apesar disso, ele levanta um ponto que pode ser o futuro. Ele destaca que podem ser aplicados novos modelos de comercialização. Um deles é a questão da disponibilidade das máquinas pois o que acaba importando ao cliente dele é o volume de MWh efetivamente entregues pelo aerogerador. A perspectiva passaria pela mudança na forma de remuneração do fabricante a partir da energia gerada. “Esse é um passo sem dúvida a ser dado”, destacou.
E cita uma busca por custos de produção menores ao levantar uma possibilidade de terceirizar componentes menores a partir de impressão 3D em fornecedores especializados nessa atividade.
Um dos pontos levantados pelo Diretor de Compras da Nordex, Marcelo Aparecido da Costa, é a falta de relacionamento de longo prazo. Ele cita por exemplo que há compromissos para 2022 e 2023, mas para 2024 essa visão fica incerta, e isso devido à sazonalidade dessa indústria. “O que realmente ajuda a trazer competitividade é o relacionamento de longo prazo. Temos um boom de projeto que traz volumes para o próximo biênio, mas o mercado eólico é sazonal não consegue hoje ter perspectivas para três ou quatro anos. Sem esse relacionamento seguro acaba fazendo com que o investimento de aumento de capacidade para peças maiores seja diluído em espaço muito curto”, avaliou.
Mas apesar disso, a situação do Brasil acaba sendo menos pressionada. E isso pode ser uma vantagem competitiva ao país. Ferreira, da Vestas, lembra que em outros países o horizonte da carteira de pedidos não é tão longa também e aqui no país é mais previsível. Então a questão que essa característica local traz é a de que com essa previsibilidade é possível, que ao mesmo tempo que se tenha um pensamento mais ambicioso ao se preparar para outros mercados, alcançar custos mais competitivos, mesmo comparando com China e Índia.
“No momento em que temos baixa de volume local, podemos compensar exportando. Então é pensar grande, de olho em exportação, eólica offshore e como apoiamos os compromissos de zero carbono”, descreveu o executivo da Vestas.
Para Bruno Lolli, diretor de Planejamento e de Relações com Investidores da Aeris, a política de conteúdo local que o Brasil implementou no passado foi interessante e levou a indústria nacional a esse momento. E ressaltou ainda que as condições impostas naquele momento não são mais necessárias. Ele lembrou que atualmente a clareza quanto aos caminhos da fonte no médio e longo prazo são mais importantes para que as empresas possam competir globalmente e aponta que o Brasil pode ser um hub de exportação regional uma vez que os vizinhos não possuem a escala para ter um ambiente de produção como o brasileiro. “Assim conseguiremos fazer o Brasil mais representativo para um mercado maior”, disse.