Com um portfólio recheado de novas aquisições, a Equatorial Energia anunciou que pretende manter a trajetória de expansão, analisando novas oportunidades de negócios, especialmente em energias renováveis. Há grandes planos para a compra mais recente, a da empresa Echoenergia, incluindo uma estratégia de comercialização que prevê contratos de menor duração (na casa dos quatro anos) e maior liquidez, em substituição aos contratos de longo prazo.
A geradora tem cerca de 1,2GW de capacidade eólica, dos quais 1 GW já em operação e 200 MW em estágio avançado de construção, além de um portfólio de projetos prontos para serem instalados com 1,1 GW de potência. Desses, 10% são eólicos e 90% solar fotovoltaicos. A empresa é vista pelo grupo como um ativo capaz de gerar retorno acima de dois dígitos.
“A Echoenergia tem um portfólio de ativos que já tem contratos de comercialização, mas quando a energia do portfolio atual for descontratada, e à medida que formos implantando o pipeline, a nossa estratégia é comercializar essa energia em contratos com menor duration e maior liquidez. E, com isso, nos apropriamos de maiores valores na comercialização”, disse o CEO do grupo, Augusto Miranda, em teleconferência na última quinta-feira, 11 de novembro.
O executivo afirmou que, historicamente, a diferença de preços de energia em contratos de curto e de longo prazo no mercado livre varia entre R$ 40 e R$ 60/MWh. Para contratos com duração de um a quatro anos, o preço histórico é de 150/MWh. Muitas empresas tem negociado contratos mais longos no mercado livre, de até 15 anos, como suporte para o financiamento da implantação de empreendimentos.
No caso da Equatorial, a intenção é fazer essa contratação de longo prazo no nível de projeto com a comercializadora do grupo, uma estratégia que, segundo Miranda, somente grandes grupos com um balanço robusto e ação integrada conseguem adotar.
Além de vencer o leilão de privatização da CEEE D, fechar a compra da Enova (outro empresa de energia renovavel) e adquirir 100% da empresa de comercialização do grupo, a Sol Energias, em setembro a Equatorial arrematou a concessão do serviço de saneamento no Acre, onde já atua na distribuição de energia elétrica. O acordo para a compra da Echoenergia foi anunciado no mês passado.
Ao anunciar os resultados do grupo no terceiro trimestre do ano, Miranda destacou que a companhia segue com uma robusta posição de caixa de R$ 9,7 bilhões, “que permite escolher os melhores momentos para acessar o mercado e saldos competitivos para eventuais novas oportunidades de geração de valor.”
A estratégia tem um olho na oferta de energia incentivada, que a partir de 2025 perde o desconto de 50% na tarifa fio. Esse produto tende a ser mais escasso no futuro e com um prêmio maior, disse o executivo, lembrando que quatro dos cinco projetos do pipeline da Echoenergia terão desconto no fio. Em 2021, a média do preço real da energia incentivada com desconto de 50% na Tusd é de R$ 238/MWh, já somando o custo da energia tradicional ao prêmio da incentivada.