Depois de duas semanas de uma agenda intensa na COP 26, lideranças do segmento de energia eólica saíram com a impressão de que o saldo das conversas foi bastante positivo para a fonte, especialmente para os empreendimentos offshore. A meta apresentada pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC) à Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena) é de 308 GW de projetos desse tipo no mundo até 2030.
A percepção do GWEC é de que é possível potencializar a produção de energia limpa em larga escala, para descarbonizar a economia de muitos países. “Temos visto que o apetite é muito forte para a eólica offshore entre os governos. Muitos estão percebendo que é uma das poucas fontes com escala disponível”, disse o CEO da entidade, Ben Backwell, no encerramento do Brasil Windpower na última sexta-feira, 12 de novembro.
O evento promovido pela Associação Brasileira de Energia Eólica, em parceria com o Grupo CanalEnergia/Informa Markets, aconteceu em paralelo com a cúpula da ONU sobre o clima em Glasgow, na Escócia.
O executivo prevê que a fonte terá um desdobramento acelerado. Muitos países estão revisando suas contribuições, porque vão precisar de mais energia renovável para atender seus objetivos. Dois atos formais assinados durante a COP foram considerados importantes pelo conselho: uma aliança offshore com a Dinamarca e o novo acordo de cooperação com a indústria solar, para atuação conjunta com a eólica.
A previsão é de que os próximos 12 meses serão de muito trabalho, envolvendo governos de diversos países na preparação para a COP do Egito no final do ano que vem. A agenda envolve um plano de ação, pois o debate requer que as nações voltem, ao longo de 2022, a examinar seus compromissos.
“O trabalho não acabou aqui. Vamos ter que lutar muito, insistir muito para ter certeza de que todas as declarações, intenções, sejam de fato cumpridas. Em relação ao setor eólico, temos 25 países que querem acelerar o uso da eólica. Vamos ter um trabalho e tanto para ajudar as pessoas a conseguirem isso, com regulamento, com compromissos com stakeholders, com planejamento”, explicou Backwell.
A presidente executiva da Abeeólica, Élbia Gannoum, reforçou que há uma pauta muito longa a ser cumprida pelo segmento, mas também é preciso pensar em uma agenda mais ampla na questão do clima e de uma transição justa para uma economia de baixo carbono.
“A temática energia eólica como solução para a emergência climática não poderia ser melhor. Falamos de hidrogênio e offshore. Então, saio bastante satisfeita, tanto do BWP quanto da COP”, disse a executiva. Em sua avaliação, o Brasil talvez tenha uma emergência maior que os países europeus, porque precisa aproveitar melhor toda a cadeia de valor que está construindo para a energia renovável, especialmente eólica onshore e offshore.
Élbia destacou evoluções importantes durante a COP, citando o pronunciamento do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre a regulamentação da produção de energia eólica no mar. O país tem 22 empreendimentos com 46 GW de potência com pedidos de licenciamento ambiental. Há expectativa ainda em relação à aprovação de um marco legal para os projetos offshore.
O primeiro passo, disse a executiva, é conseguir o licenciamento. O segundo é trazer a cadeia de fornecedores. E olhando também para a parte onshore, há os projetos híbridos, com possibilidade no primeiro momento de trazer as baterias tradicionais, mas pensando em seguida no hidrogênio para as duas modalidades de eólica.