A Neoenergia anunciou o desenvolvimento de uma embarcação autônoma para fazer a medição de descargas sólidas em suspensão em reservatórios de hidrelétricas. A necessidade de obtenção desses dados é cada vez mais importante devido às questões de erosão e transporte de sedimentos em rios, sendo possível dar maior precisão e segurança à coleta de amostras, que hoje é feita de forma manual em todo o mundo.
O barco foi projetado no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Aneel a partir de 2017, visando também complementar os estudos realizados com informações obtidas de outro veículo autônomo, dedicado à medição de descarga líquida. As pesquisas são realizadas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e a Universidade do Porto, de Portugal.
A embarcação já chegou ao Brasil e foi levada à hidrelétrica Itapebi (BA), onde será testada nas medições de campo, que são feitas trimestralmente, por determinação de resolução conjunta da Aneel e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Após os testes poderá ser utilizado nos demais ativos de geração hídrica controlados pela companhia – Baguari (MG), Baixo Iguaçu (PR), Belo Monte (PA), Corumbá (GO), Dardanelos (MT) e Teles Pires (MT/PA).
O barco tem a sua trajetória programada por georreferenciamento, para fazer as coletas das amostras nos pontos determinados dos reservatórios e adaptar-se aos diversos rios, coletando sedimentos integrados ou pontuais na seção e de iguais volumes de água na vertical, o que garante amostras mais exatas.
Nesses locais, é lançado na água um amostrador acoplado ao veículo autônomo que pode atingir até 20 metros de profundidade, projetado para se posicionar sempre na mesma linha vertical da seção transversal do rio em relação à embarcação, dando mais confiabilidade ao trabalho.
Em seguida, a análise do material captado pode ser feita de forma automatizada utilizando um microscópio desenvolvido no mesmo projeto de P&D. Esse trabalho de análise granulométrica – ou seja, de verificar a dimensão das partículas em suspensão – permite a avaliação das condições do reservatório, como assoreamento.
Na avaliação da companhia esses equipamentos tornam-se ainda mais relevantes no contexto atual de crise hídrica, pois além de conferir maior confiabilidade nos resultados para vazões baixas, a automação possibilita realizar o registro independente da vazão do rio com segurança. Todos os dados ficam registrados no computador de bordo e podem ser transferidos para o sistema informático da empresa, o que facilita a análise de desempenho, o arquivamento e a consulta de dados históricos.