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O ditado é conhecido, em épocas de crise que são criadas oportunidades. Bom, essa máxima vale para o setor elétrico também. No ano de 2021 o país viveu sua maior crise hídrica em 91 anos e ao mesmo tempo a chamada safra dos ventos foi bastante generosa com o país ao ponto de vermos seguidos recordes de geração da fonte durante o período característico de maior produção desses empreendimentos.
Foi nesse ambiente que a comercializadora da Casa dos Ventos negociou swaps (trocas) de energia com grandes geradores hidrelétricos de forma a aproveitar a complementaridade entre as fontes. De acordo com Itamar Lessa, diretor da comercializadora, a operação tem como objetivo ser um ganha-ganha para ambos os lados.
Ele explicou à Agência CanalEnergia que esse produto aproveita a sazonalidade da eólica que ocorre em períodos secos para fornecer hedge às geradoras hídricas. Ao mesmo tempo supre a necessidade de buscar recursos para o período de entressafra da produção eólica que ocorre mais notadamente no início do ano, e assim, trazer uma disponibilidade de recursos energéticos mais estável ao longo dos meses.
“Esse novo produto foi pensado depois da mudança regulatória da REN 899 no final do ano passado que limita o nível de sazonalização das usinas no MRE”, explicou ele. “Basicamente, há uma troca de energia cujo preço é acertado com antecedência. Nossa entrega de energia ocorre no terceiro trimestre e recebemos de volta no primeiro trimestre quando a produção eólica é menor”, acrescentou.
Até o momento a CDV já contabiliza 583 GWh transacionados nessa modalidade com usinas de outros submercados como o Norte e o Sudeste/Centro-Oeste. Lessa explicou ainda que o interesse principal para ambas as partes é de zerar a exposição dos dois lados desse acordo bilateral. A diferença de preços é negociadas. Os acordos passam a valer a partir de 2022, a empresa recebe energia no primeiro trimestre e devolve no terceiro trimestre do referido ano, e essa dinâmica ocorrerá até pelo menos 2024.
Os contratos, continuou o executivo, é customizado de acordo com as necessidades de cada cliente. Um desses, inclusive, citou ele, é a CTG Brasil. Os termos ainda tratam de prazos para a entrega, preços da energia onde o que se cobra é um prêmio. Lessa destacou que em termos de preços tem visto um ambiente de valores mais comportados em comparação a 2021 e com liquidez.
Os negócios já transacionado, aparentemente, são apenas os primeiros movimentos da CDV com esse modelo de negócio. Os 583 GWh seriam suficientes para levar a curva de geração flat de um parque eólico com 200 MW de potência instalada por três anos.
Segundo o executivo, o potencial da empresa é de aumentar em 10 vezes esse volume. Apesar dessa primeira fase ter sido fechada com grandes geradores a companhia abre essa possibilidade a PCHs e a grupos menores, bem como outros geradores eólicos.