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Diante de uma demanda reprimida no mercado brasileiro de poucas empresas aptas a fazerem o serviço de verificação e certificação de Green Bonds pela Climate Bonds Initiative (CBI), o Instituto Totum iniciou o processo de Acreditação e acaba de entrar para o seleto grupo de instituições autorizadas pelo CBI para a certificação de títulos verdes no Brasil.
Hoje existem apenas quatro organismos, incluindo o Totum, acreditados a fazerem a certificação e checagem em um mercado que tende a se fortalecer expressivamente diante das demandas de ESG (Environmental, social and corporate governance). Esse segmento que sistematiza as normas de práticas sustentáveis deve movimentar em 2021 nada menos do que R$ 100 bilhões em 2021 de títulos temáticos.
Isso é apenas uma pequena fração. O Brasil tem um potencial de investimento verde estimado em US$ 1,3 trilhão, segundo um estudo do CBI. A maior parte desse potencial está relacionada às áreas de energia renovável e infraestrutura urbana, incluindo transportes e gestão de resíduos sólidos.
Certificação dos Green Bonds garante que a operação vai ter uma redução significativa nos gases de efeito estufa
O diretor-presidente do Instituto Totum, Fernando Giachini Lopes, falou à Agência CanalEnergia que com a acreditação da CBI, o Instituto Totum agora está habilitado a fazer a verificação do processo de certificação de títulos de dívida utilizados para financiar investimentos sustentáveis, como debêntures, letras financeiras, Certificados de Recebimento do Agronegócio (CRAs) e Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e títulos emitidos no exterior.
“Poucas organizações no mundo têm a acreditação pela CBI, pois trata-se de um rigoroso processo de avaliação, que exige a comprovação de múltiplas competências, além de conhecimento das tecnologias envolvidas nos setores elegíveis”, explica Lopes.
Ele conta que depois de dois anos da emissão do Green Bond é realizada uma checagem para conferir se os recursos realmente foram aplicados nos investimentos definidos inicialmente pela empresa. É a chamada emissão com recursos “carimbados”.
“O carimbo de uma certificadora significa que os recursos para os quais o título vai ser destinado vão garantir uma redução importante nos gases de efeito estufa, que é compatível com o Acordo de paris, e que existe uma governança interna na organização e uma checagem externa que garantem que os recursos de fato para o uso específico”, diz Lopes.
Segundo o executivo, a certificação é fundamental para garantir a legitimidade da emissão, ou seja, verificar se os títulos temáticos correspondem às atividades elegíveis, se estão aderentes aos princípios de sustentabilidade do CBI e se têm condições de cumprir as metas e os indicadores definidos, bem como a destinação dos recursos.
Um outro tipo de emissão que vem crescendo, diz Lopes, é o de títulos atrelados ao desempenho de sustentabilidade, ou seja, a empresa tem liberdade de usar o capital desde que cumpra a meta estabelecida. Nesse caso, o dinheiro não tem uso pré-definido e os investidores solicitam uma segunda opinião, provida pelo Totum.
Potencial de crescimento
Lopes fala do cenário positivo para o mercado de títulos verdes no Brasil e avalia a maturidade do país frente aos líderes globais. Na análise de Lopes, o país tem condições de expandir esse mercado, já que o Brasil é o maior mercado de green bonds da América Latina, de acordo com a Climate Bonds Initiative.
O mercado de títulos temáticos vem crescendo com força, o que aconteceu foi uma mudança de rumo nos últimos dois anos em que as empresas estão lançando títulos voltados a metas de sustentabilidade. “O Brasil é um dos países com as maiores oportunidades para a expansão de investimentos sustentáveis no mundo, especialmente em áreas como energias renováveis (solar, eólica e bioenergia), agricultura, florestas, tratamento de resíduos, água, transporte e prédios verdes”, diz.
A partir de 2021 já existem títulos verdes até para hidrelétricas, caso o empreendimento atenda as metas de densidade de potência em função da área de alagamento, por isso, PCHs e CGHs normalmente saem em vantagem.
Com base nesse processo de verificação, o Totum emite um parecer antes do lançamento do título, que fica disponível para os investidores, chancelando a operação. Esse parecer vale como uma certificação no caso de Green Bonds ou como uma segunda opinião no caso dos demais títulos temáticos, como por exemplo, com metas de sustentabilidade.
Ele acrescenta que no Brasil, a maior parte dos títulos foi lançada pelas próprias empresas, enquanto no exterior são as instituições financeiras. “Fundos verdes de bancos demoram um pouco mais para chegar. O gestor do fundo vai captar, vai ter uma governança, vai escolher os investimentos e a gente checa. Porém, isso viabiliza que o dinheiro chegue para empresas menores que não tem capacidade de elas próprias de emitirem os títulos”, explica.