Com a contratação de térmicas previstas na lei de privatização da Eletrobras (MP 1031/2021), o Brasil deve emitir entre 17,5 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, segundo projeções feitas pelo coordenador de projetos do Instituto Energia e Meio Ambiente (Iema/USP), Ricardo Baitelo, e divulgadas em evento online promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS).

O acadêmico desenvolveu dois cenários de eficiência e de ciclos empregados para diferentes fatores de capacidade das térmicas e o cálculo mensurou emissões adicionais anuais. Como a duração dos contratos das usinas é de 15 anos, que é o período de operação previsto, as emissões serão praticamente iguais às do setor de transportes.

“Serão entre 260 milhões de toneladas com o fator de capacidade de 70% e 300 milhões de toneladas com o fator de capacidade de 80%, o equivalente a todas as emissões do setor de transportes brasileiro em um ano, incluindo passageiros e carga”.

Ele afirma que esse cenário de uma matriz cada vez mais suja já vem acontecendo desde 2019 e é um contrassenso, já que o Brasil está deixando de aproveitar energias mais baratas e menos poluente “para colocar na frente da fila a energia fóssil, poluente e cara”.

Emissões em 2021
Baitelo também comparou a expansão da operação de termelétricas fósseis em 2021 em relação aos anos de 2020 e 2019 e constatou que nos nove primeiros meses deste ano, o país teve uma emissão de muito fora da curva.

Nos nove primeiros meses de 2019, as emissões das térmicas foram de 27,5 milhões de ton de CO2 equivalentes. Já o ano de 2020, as emissões das térmicas foram de apenas 20,8 milhões de ton de CO2 equivalentes, por causa da redução das atividades econômicas impactadas pelo covid-19.

“Em 2020, tivemos uma redução grande das atividades por conta da pandemia, mas mesmo em relação à 2019 o aumento mais de 80%, vamos ver como vai ficar nesses últimos três meses do ano com um pouco mais de chuvas”.