Tentando entender o que leva espécies de peixes migradoras a selecionar determinados tributários como locais de desova e quais são as condições ambientais ideais que tornam esses locais preferenciais, a Cemig está realizando um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) sobre peixes migradores na UHE Três Marias.
O P$D é executado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), com interveniência da Sociedade Mineira de Cultura (SMC), projeto tem investimento total previsto é da ordem de R$ 2,2 milhões captados por meio do do programa de P&D regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Denominado “P&D GT 624 – Diagnóstico das condições para a desova e o recrutamento das espécies de peixes migradores a montante e a jusante da UHE Três Marias”, o projeto é realizado na Bacia do Rio São Francisco, em tributários e na calha principal do rio, a montante e jusante da hidrelétrica Três Marias.
Para realizar o projeto, são coletados ovos e larvas de peixes (ictioplâncton) em 32 pontos amostrais. Há também a coleta de alevinos em lagoas marginais, com o objetivo de criar um modelo de dispersão de ovos e larvas, incluindo a identificação de áreas de deriva e dos locais de recrutamento.
“A partir do estudo, será possível conhecer as condições ambientais que favorecem o sucesso reprodutivo das espécies migradoras. Esse tipo de conhecimento subsidia a alocação de recursos para manutenção dos padrões naturais destas condições e, assim, a conservação das assembleias de peixes”, explica a ictióloga e gerente do projeto da Cemig, Raquel Coelho Loures.
Na análise dela, a construção de barragens pode impactar o ciclo reprodutivo de diversas espécies de peixes, por isso, estudos de ictioplâncton são importantes para avaliação desses impactos, permitindo verificar se a reprodução dos peixes está ocorrendo ou não e identificando locais de desova e recrutamento de alevinos. “Essa identificação é especialmente importante para espécies migradoras, que são as mais impactadas pelos barramentos, pois subsidia a determinação de medidas de manejo e conservação dos peixes”, avalia.
O projeto teve início no ano de 2018 e ainda se encontra em execução. Os estudos em laboratório buscam a padronização da metodologia para a detecção de espécies utilizando a metodologia “DNA metabarcodin”. Os resultados parciais indicaram uma potencialidade para a identificação em larga escala de ovos e larvas de peixes.