Quando discutido em termos de décadas, o regime de ventos no primeiro semestre do ano apresentou mudanças menos significativas do que no segundo semestre, podendo influir que não há alteração relevante dessas condições nesse período em comparação com décadas passadas. Com foco em três pontos escolhidos, Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí, o novo boletim da Climatempo, já disponível na Biblioteca do Portal CanalEnergia, aborda a questão da Variabilidade do Vento no Subsistema Nordeste.

Com impactos tanto para a produção de energia hidrelétrica quanto eólica, o levantamento identificou uma sazonalidade do regime de ventos nos primeiros meses do ano (de janeiro a abril) mais fracos, ao passo que começam a se intensificar a partir de maio e atingindo valores máximos entre agosto e setembro, onde volta a enfraquecer logo após estes meses.

As principais alterações foram notadas a partir dos meses do segundo semestre, onde de maneira geral, pode-se observar tanto com relação ao aumento da intensidade do vento quanto redução, mas que no contexto geral se observou um aumento da intensidade do vento.

Este cenário de elevação da intensidade corrobora as evidências observadas de redução da precipitação que vem sendo observada nas últimas décadas e também com as projeções futuras – que evidenciam um Nordeste ainda mais seco no futuro –  constatadas em outros trabalhos acadêmicos.

Com relação a distribuição espacial do vento médio mensal, o Rio Grande do Norte possui valores mais elevados do Bahia e Piauí pela extensão territorial que torna a proporção de ventos intensos numa mesma área muito maior. Já as séries espaciais do PI são as que apresentam menor variância, mas são as que têm maior quantidade de outliers.

Diante de um panorama de ventos mais fracos que o esperado nos últimos anos, em especial em 2019 e 2020, o setor eólico brasileiro se mostrou preocupado e um ponto de atenção foi estabelecido. O estudo do LABS/Climatempo mostrou que as anomalias negativas dos anos mais recentes foram significativas, porém não excepcionais, podendo inferir que essas anomalias estão dentro de um padrão de variabilidade natural do sistema climático que oscila ao longo do tempo.

Por fim, o artigo ressalta que os resultados encontrados no estudo da Climatempo mostraram uma variabilidade espacial e temporal significativa na área de estudo. Desta forma, torna-se necessário realizar mais estudos com o objetivo de conhecer detalhadamente qual é o comportamento espacial e temporal dos ventos em todas as regiões, e não só do Nordeste como foi considerado neste estudo.