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Há uma redução na tolerância da opinião pública mundial às emissões de gases de efeito estufa e ao desmatamento, e isso levará a uma pressão internacional para que o Brasil recupere sua imagem, atualmente muito negativa. A avaliação é da PSR, que vê, porém, nesse cenário, um “grande leque de oportunidades” em novas áreas de negócios alinhadas à agenda ambiental mundial, que podem impulsionar o crescimento econômico do país.
Na edição de novembro do Energy Report, a consultoria destaca que a aversão do público ao desmatamento “deu respaldo político às recentes ameaças por parte da União Europeia de boicotar 50 bilhões de dólares em exportações agrícolas do Brasil.”
Dá ainda como exemplo a pressão durante a COP 26, em Glasgow, para a adesão do país ao pacto de redução das emissões de metano, ao lado de uma centena de países.
Características como a redução da taxa de natalidade, que fará com que o país saia da sexta posição para a 13ª em termos de população em 2100; a política de “boa vizinhança global” que facilita as relações com o resto do mundo e a potencial de aumento da demanda por energia com a melhora das condições de vida são apontadas como vantagens nesse processo.
A elas se soma um fator essencial, que é o perfil de emissões brasileiras. Elas são geradas em grande parte pelo desmatamento, que representava 44,5% do total nacional, com quase 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano, e 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados de 2019.
Para a PSR, esse é um problema que pode ser substancialmente reduzido a baixo custo, o que “significa que a transição energética para o Brasil será relativamente mais fácil (e barata) que a quase totalidade dos países por já haver aqui uma tradição de desenvolvimento de energias renováveis, como etanol, biodiesel, hidrelétricas, cogeração com biomassa de cana de açúcar e, mais recentemente, energia eólica e solar fotovoltaica.”
O relatório avalia que o papel de “vilão climático global” pode estar com os dias contados, seja pela entrada de um governo mais sensível à questão ambiental e à imagem do pais, seja por forças de mercado.
Agricultura, florestas e mudança do uso do solo respondem por cerca de 70% das emissões brasileiras de CO2 equivalente. Energia representa 19%, mas essa conta inclui transporte, produção de combustíveis e seu uso em indústrias e na produção de eletricidade.
A matriz elétrica, especificamente, tem pouco peso nas emissões (2,5%), mas pode ser peça chave para o pais atingir Net zero, “se for possível expandi-la com fontes renováveis e algum recurso de armazenamento”, substituindo o consumo de combustíveis fosseis por eletricidade no transporte, por exemplo, destaca o documento.
Ele ressalta ainda que setor elétrico emite pouco, e mesmo quando há aumentos significativos de geração termelétrica, como em 2021, não atingem 10% do total nacional. Se o pais puder abrir mão de térmicas a gás ou a carvão, as emissões podem ser ainda menores.