A Engie Brasil segue focada em ampliar sua matriz energética solar e eólica através de projetos com bons fatores de capacidade e recursos naturais, com essas tecnologias direcionando a grande maioria dos novos investimentos da companhia em geração, disse nessa sexta-feira, 10 de dezembro, o diretor de novos negócios da Engie Brasil Energia, Guilherme Ferrari, durante um evento com investidores.

“Essas fontes se mantêm mais competitivas na conjuntura atual de preços altos e é para onde continuaremos direcionando nossos investimentos, buscando novas oportunidades de M&A e projetos greenfields”, afirmou o executivo.

Ele também comentou que a empresa participará de leilões em iniciativas localizadas nas regiões onde já possui infraestrutura de transmissão ou ativos de geração. Para ele, a principal competência da geradora nas disputas é a redução de Capex e a antecipação de operação comercial durante a fase de implementação dos projetos.

Segundo o diretor, a carteira de projetos da geradora chega a 2,2 GW, destacando o início das obras de implementação do projeto Assu Solar (750 MW), no Rio Grande do Norte, para 2022. Já o pipeline em desenvolvimento até 2025 é de 1 GW, aproveitando o subsídio na tarifa-fio, além de mirar as usinas híbridas, regulamentadas na semana passada pela Aneel.

Na área de transmissão, Guilherme confirmou o interesse da companhia no certame deste final de ano, por meio do Lote 1, contíguo ao projeto Gralha Azul, e do Lote 4, numa região próxima a uma unidade de geração.

“No longo prazo tem 15 lotes para o leilão do ano que vem e vamos estudá-los, além de um projeto de sistemas de corrente contínua de alta tensão (HDVC) para 2023 que também devemos participar”, completou Ferrari.

Quanto a oportunidades de fusões e aquisições, o diretor de novos negócios deixou claro que esse tipo de processo, assim como aconteceu com a compra do projeto Novo Estado, é cada vez mais difícil, elencando a questão regulatória da Aneel só permitir a transferência de ativos após entrada de operação comercial, o que penaliza alguns projetos, além da concorrência muito alta nos últimos leilões, acrescida da volatilidade das commodities e aumento da taxa de juros.

“Se vierem a mercado vai ser difícil conseguirem vender a preços competitivos pois a margem foi corrompida por esses fatores externos”, comenta.

Hidrogênio nos dutos da TAG

Perguntado sobre os planos da subsidiária para gás natural da empresa trabalhar com o transporte de hidrogênio no futuro, o diretor-presidente da TAG, Gustavo Labanca, disse que a transportadora já está analisando os diferentes limites de percentuais que o novo vetor energético poderia ser associado dentro dos dutos de sua malha de gás, conhecido como blend.

“Até 5% não teria problema, 10% requer algum investimento adicional e conforme se eleva essa taxa o risco operacional vai aumentando”, pontua, afirmando que muito da expertise desse novo mercado que irá se abrir para o Brasil no futuro vem já de experiências da holding na Europa.

Sem especificar possíveis prazos, o executivo afirmou que o país possui uma geração de energia renovável muito maior que a demanda e que esse fator poderá acelerar a eletrólise do H2 e os projetos que começam a sair do papel. “Estamos trabalhando e olhando esse futuro descarbonizado e para sermos mais eficientes no transporte desse e outros gases no futuro, como o biometano e biogás”, finaliza.