A fintech pernambucana Insole, que atua no financiamento de projetos de energia solar para empresas e pessoas físicas, captou R$ 60 milhões em uma Rodada de Investimento Série A, liderada pela Spice Private Equity, empresa de investimentos focada em investimentos globais de private equity controlada da GP Investments. Também participaram da rodada o Grupo Moura e o Scale-Up Ventures, fundo de co-investimento da Endeavor Brasil.
Com os recursos captados nesse mês de dezembro, a startup pretende investir em tecnologia para melhorar e expandir suas linhas de financiamento, lançar novos produtos de crédito e acelerar o processo de massificação da energia solar no Brasil, a partir da pulverização da sua plataforma digital.
O plano é se fortalecer ainda mais no mercado nordestino e conquistar mais espaço em duas regiões estratégicas: Centro-Oeste e Sudeste. Segundo o CEO da Insole, Ananias Gomes, o objetivo é dobrar o volume de negócios em 2022, ano em que espera atingir mais de R$ 500 milhões em financiamentos de projetos de energia solar, com uma carteira de aproximadamente 7 mil clientes distribuídos em 15 estados brasileiros.
Para alcançar os resultados a Insole também dará prioridade à retenção de talentos e à força de venda. A empresa já conta com mais de 300 franqueados e trabalha com diversos canais de comercialização. “Com o aporte e a combinação de esforços e expertise dos novos sócios poderemos elevar a participação do financiamento de energia solar no mercado brasileiro e o conceito de crédito, associando a conta de energia aos sistemas de geração como garantia”, pontua o executivo.
A fintech afirma ter sido pioneira no Brasil ao criar o primeiro Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) solar do país, no valor de R$ 150 milhões. O sucesso fundo pode ser atribuído ao desejo do mercado de capitais de buscar cada vez mais ativos vinculados aos princípios ESG e para um ambiente que vai crescer 67% em 2021 na comparação com 2020, conforme projeções do Ministério de Minas e Energia.
Fintech planeja dobrar financiamento e chegar a R$ 500 milhões para projetos solares em 2022 (Insole)
Modelo de negócio
O modelo da autointitulada clean fintech é conhecido como one-stop shop e permite ao cliente fazer a portabilidade de sua conta de luz em um único local. No mercado, o padrão é que haja diversas interações, com diferentes agentes (integrador, financiador, etc) para que a portabilidade seja concretizada. Os prazos de financiamento são de até 120 meses, com carência de até dois meses.
Nesse modelo o consumidor final (residencial, PMEs e indústria) tem economia imediata, substituindo grande parte da conta por um desconto de até 50% na tarifa tradicional, sem investimentos e sem comprometimento do crédito.
O processo de transformação das contas de energia dos consumidores em moeda vai ser expandido em 2022, com o lançamento do InsolePay. Já disponível no Google Play e na App Store, o aplicativo permite aos clientes fazer compras numa rede de estabelecimentos comerciais conveniados usando os créditos obtidos no programa de cashback, com base nos descontos oferecidos nas faturas de energia.
Segundo o CEO o sistema está em fase inicial e deve ganhar impulso a partir do primeiro trimestre de 2022, com a ampliação de produtos financeiros lastreados pela garantia dos ativos de geração solar fotovoltaica.
“Vamos aproveitar a experiência e a expertise dos novos sócios, que já fizeram história no Brasil em diversos segmentos, inclusive no digital, para acelerar a transformação da forma como as pessoas consomem energia”, explica Ananias Gomes.
Novos sócios
A GP Investments, controladora da Spice Private Equity, apresenta números expressivos em 28 anos de atuação no mercado de investimentos. São mais de US$ 5 bilhões aportados em mais de 50 empresas em 17 setores diferentes.
O Grupo Moura, também de Pernambuco, controla a maior indústria de baterias automotivas da América do Sul, além de transportadoras e um instituto social, o Instituto Conceição Moura. A empresa chega em um momento importante de discussões sobre a geração distribuída e o uso de tecnologias de armazenamento, temas relevantes em um período de crise hídrica e reajustes recorrentes das tarifas de energia.
A rodada de investimento trouxe ainda o Scale-Up Ventures, fundo co-investimento da Endeavor Brasil criado para apoiar as scale-ups aceleradas no programa Scale-Up Endeavor em suas rodadas de captação.