O Operador Nacional do Sistema Elétrico apresentou em reunião virtual o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional. A estimativa total dos investimentos necessários para a execução das obras relacionadas no planejamento é de R$ 23,9 bilhões até 2026. Desse montante, R$ 16,3 bilhões correspondem a novas obras propostas somente neste ciclo do estudo. Além disso, cerca de R$ 2,9 bilhões em investimentos são provenientes do leilão de transmissão realizado no último dia 17 de dezembro.

O conjunto de obras indicado representa 7.951 km de novas linhas de transmissão e 20.046 MVA de acréscimo de capacidade transformadora em subestações novas e existentes. O relatório prevê um crescimento da demanda de 20%, em 2026, quando comparado com a demanda máxima registrada em 2020, não coincidente – conceito usado especificamente para estimar demandas que acontecem em horários e meses diferentes.

Outro destaque nesta edição é a indicação de que a energia fotovoltaica terá um crescimento percentual muito expressivo, mais que dobrando a capacidade instalada no horizonte 2021-2025. Para o final de 2025, estima-se que a capacidade instalada do SIN totalizará 191,3 GW, sendo que 36 GW dessa quantia serão de usinas de geração eólica e fotovoltaica. Para essa geração planejada não são observadas restrições de escoamento de energia.

Entretanto, com a consideração das usinas com o Contrato de Uso do Sistema de Transmissão assinado e pareceres de acesso válidos ou em andamento no ONS, o montante de geração renovável chega a valores de 52,4 GW, sendo que a maior parcela da diferença, cerca de 13,2 GW, são de usinas fotovoltaicas. Nesse cenário de oferta, particularmente para as regiões Norte e Nordeste, a previsão é que a geração compulsória supere a carga local acrescida da capacidade dos grandes troncos de interligação, o que pode resultar em restrições de escoamento para o Sudeste/Centro-Oeste.

Adicionalmente, há um enorme número de solicitações e emissões de informação e parecer de acesso que representa cerca de 194 GW de capacidade instalada, mais de que o dobro da demanda máxima do SIN. Este exponencial crescimento da geração torna imprescindível o debate sobre o uso otimizado dos sistemas de transmissão dado o descompasso entre os prazos de construção de usinas e de linhas de transmissão. Estas questões têm sido abordadas pelo ONS em diversos fóruns, na busca de alternativas para conciliar a adequada expansão da rede respeitando a lógica econômica com a eficiente alocação da capacidade de escoamento.

Com relação à Micro e Minigeração Distribuída, desde 2020, o ONS realiza um trabalho de conscientização junto aos agentes setoriais e a Agência Nacional de Energia Elétrica, demonstrando que para maximizar os benefícios de uma massiva penetração da MMGD é importante atuar no aprimoramento da regulamentação para mitigar os riscos ao Sistema Interligado Nacional decorrente da possível desconexão em cascata dessa geração, fenômeno vastamente documentado na experiência internacional.