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O preço por oferta é um mecanismo viável de ser introduzido no Brasil. Contudo, em um cenário otimista essa ação ficaria para a segunda metade da década apenas. Isso porque o país precisa iniciar as discussões complexas de aprimoramentos de pontos que são demoradas. Entre esses pontos estão o modelo de preços atual, o MRE e ainda, o estabelecimento de regras de transição para essa evolução rumo a uma economia de mercado no setor.
Essa é a avaliação do sócio e diretor da Thymos Energia, Alexandre Viana. Segundo ele, o país ainda possui uma longa lista de ações para então partir para o modelo de preços por oferta. O executivo defendeu, por exemplo, o aprimoramento de modelos atuais antes de partir para outro modelo. E ainda a adoção de um período de transição, pois trata-se de mudanças de grande impacto e que, por isso, precisam ser aplicadas de formas fundamentadas e organizadas.
Viana citou como exemplo o mercado da Austrália. Por lá, disse, já há uma cultura do preço por oferta há 20 anos com os valores da energia estabelecidos pelos agentes a cada meia hora. E lembrou ainda que mesmo assim houve um período de cinco anos para se chegar ao modelo de preço a cada cinco minutos.
“Se em um mercado maduro foi necessária essa transição, aqui no Brasil não devemos fugir dessa regra. Em um cenário otimista eu imagino que o preço por oferta, se já estivesse em discussão, ficaria para a segunda metade desta década, mas ainda há coisas a serem aprimoradas e que demoram a ser implantadas”, comentou ele. “E por aqui ainda precisamos começar essa discussão que é relevante”, acrescentou.
Nesse contexto apresentado, Viana apontou que há a necessidade de avaliar questões como o preço horário, dado pelo modelo Dessem, implantando no âmbito comercial na CCEE no início de 2021 e em nível de operação do SIN em janeiro de 2020.
Em sua análise há o mesmo problema de quando os valores eram estabelecidos de forma mensal. O ponto fundamental, apontou ele, é a questão do peso do reservatório nessa formação de preços. E citou como exemplo o ocorrido no ano passado antes do auge da crise hídrica, quando os valores estavam baixos quando deveriam estar mais elevados, sinalizando que existia um problema.
O Mecanismo de Realocação de Energia é outro ponto que deve ser avaliado com cuidado. Até porque há um incremento na expansão da matriz que se dá por meio de usinas como térmicas e renováveis que não estão nesse ‘condomínio de usinas’ e que acabam deslocando a geração hidráulica. Ele sugeriu que um caminho pode ser a adoção do preço negativo no Brasil para que evite-se a geração de encargos por conta desse fator. Mas, reconhece que mudar o MRE no Brasil não é uma ação trivial de ser feita, possui alta complexidade devido à participação dessa fonte.
Viana finalizou ao afirmar que apesar dessas dificuldades e passos que o país precisa dar rumo à discussão, esse momento chegará.