A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou a nota de crédito da Light e de suas subsidiárias integrais na classificação estável. Os ratings são de Inadimplência de Emissor (IDRs) em ‘BB-‘ e em Escala Nacional em ‘AA-(bra)’. De acordo com a Fitch, as notas refletem o perfil de risco de negócios da empresa, classificado como de baixo a moderado. Sendo a distribuidora exclusiva na sua área de concessão e a geradora com previsibilidade do fluxo de caixa.
“O grupo Light apresenta uma posição de liquidez robusta e perfil de vencimento de dívida alongado, mas ineficiências operacionais no segmento de distribuição e índices de alavancagem moderados limitam os ratings”, avalia a agência em seu relatório. Essa análise, continua, incorpora o benefício de um Ebitda consolidado mais forte devido à expectativa de revisão tarifária favorável para a Light Sesa em março de 2022.
Distribuição
O segmento de distribuição deve responder por aproximadamente 90% e 70% da receita líquida consolidada e do Ebitda do grupo, respectivamente, em 2022. Apesar da concessão terminar em 2026, aponta que sua renovação é considerada muito provável, uma vez que os requisitos de qualidade do serviço foram atendidos.
Em seu relatório a Fitch destaca que o Ebitda nesse segmento é limitado por perdas de energia e provisões para perdas de crédito acima da cobertura tarifária, bem como indenizações a consumidores. Positivamente, a empresa deve se beneficiar da próxima revisão tarifária em março de 2022, que provavelmente incorporará um incremento de R$ 2 bilhões na base de ativos.
Além disso, a perspectiva é de aumento nos limites regulatórios para perdas de energia para pelo menos 21,7% da carga total, de 19,2%. “O cenário base da Fitch pressupõe perdas de energia de 26,5% e uma taxa de crescimento modesto de 0,5% na demanda de energia a partir de 2022, após uma queda esperada de 0,5% em 2021”.
Pelo lado negativo destaca que esse resultado operacional deverá atingir R$ 1,2 bilhão em 2022 e R$ 1,3 bilhão em 2023, significativamente abaixo do Ebitda regulatório estimado de R$ 2,3 bilhões.
Geração
No segmento de geração, continua, a Light Energia contribui para a maior diversificação dos fluxos de caixa e diluição dos riscos operacionais, que são mais prevalentes no segmento de distribuição. A empresa possui 1,2 GW de capacidade de geração hidrelétrica e a maioria de suas concessões termina em 2028, para as quais as condições de renovação são mais incertas.
Sua energia assegurada de 672 MW foi amplamente vendida para clientes industriais por meio de contratos de médio prazo. Relata que a Light segue uma estratégia conservadora de hedge contra o risco hidrológico, mantendo 28% de sua energia descontratada para 2022 e 2023. Esse fator, diz, compensa a falta de proteção relacionada a cotas ou seguro regulatório.
Nessa divisão o Ebitda deve atingir R$ 549 milhões em 2021 e R$ 568 milhões em 2022, com GSF médio subjacente de 0,77 e 0,80, respectivamente. A partir de 2024 deverá recuar devido à queda dos preços de energia no longo prazo.
Alavancagem
O endividamento da empresa é classificado como sob pressão. A alavancagem líquida ajustada consolidada do grupo deve ficar na faixa de 4x a 4,5x até 2023, ante 4,1x em 2020, segundo os critérios da Fitch. Esses índices, aponta, incorporam garantias prestadas à Norte Energia como dívida fora do balanço (R$ 716 milhões em setembro de 2021).
Além disso, avalia que a flexibilidade financeira é limitada, pois o grupo já vem distribuindo dividendos mínimos e precisa manter um capex intenso.