O consumo de energia elétrica no ambiente de contratação livre encerrou 2021 com queda de 7,22% em relação a novembro e de quase 3% na comparação com último mês de 2020, aponta o Índice Comerc – que desde 2015 avalia o consumo de energia pelos 11 principais setores da economia, levando em conta a demanda de mais 3 mil unidades de sua carteira de comercialização.
Apesar do consumo apresentar, historicamente, queda em dezembro devido à menor quantidade de dias úteis do mês – relacionada ao recesso de fim de ano –, dados da Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que apesar da retomada econômica observada no segundo semestre de 2021, a produção industrial sofreu ligeiro declínio nas últimas semanas do ano.
Entre os fatores que podem explicar o resultado, a Comerc lista escassez ou o alto custo das matérias-primas, crise hídrica, além da alta do dólar e da inflação. Um exemplo prático é observado no setor de Veículos e Autopeças, que sofreu retração superior a 20% ante o mês anterior – maior queda registrada desde abril de 2020, primeiro mês de pandemia. Falta de componentes e crise hídrica puxaram a produção de automóveis para aquém das expectativas, aquecendo a procura por seminovos e usados.
Outras categorias sofreram reflexos semelhantes, como na redução de 22,77% no setor Têxtil, Couro e Vestuário, 15,96% na Eletromecânica e 14% na Siderurgia & Metalurgia. Na contramão, Comércio e Varejista e Alimentos foram os únicos dentre os 11 ramos monitorados que registraram alta na demanda energética no mês, com 2,63% e 0,32%, respectivamente.
Para o vice-presidente do Grupo Comerc, Marcelo Ávila, os dados de dezembro mostram que, mesmo com a expectativa de retomada, há fatores externos que devem ser levados em consideração, e que após os impactos relevantes de 2020, em 2021 a produção industrial se estabilizou de forma geral. “Observamos setores que se adaptaram ao novo cenário e outros que, por sua vez, tiveram que se reinventar para driblar o cenário de crise”, finaliza.