Um dia depois da aprovação pelo Tribunal de Contas da União do valor estabelecido pelo governo para as novas concessões das hidrelétricas da Eletrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o processo de privatização da estatal. A manifestação não é inédita e veio como um recado, na mesma linha de declarações de parlamentares do PT de que a venda do controle da estatal pode ser revertida em uma eventual vitória do candidato do partido nas eleições desse ano.
“Eu espero que os empresários sérios que querem investir no setor elétrico brasileiro não embarquem nesse arranjo esquisito que os vendilhões da pátria do governo atual estão preparando para a Eletrobras, uma empresa estratégica para o Brasil, meses antes da eleição”, disse Lula em sua conta no twitter na última quarta-feira, 16 de fevereiro.
O TCU ainda terá que aprovar a modelagem da desestatização, que será feita por meio de uma operação de aumento de capital sem a participação da União. O governo mantém a previsão de que oferta primária de ações vai acontecer até o fim do primeiro quadrimestre desse ano, após a deliberação da corte de contas.
Em nota divulgada nesta quinta-feira,17, a assessoria do ex-presidente destaca o cálculo apresentado pelo ministro do TCU Vital do Rego, mostrando que o valor adicionado aos contratos (VAC) seria de R$130 bilhões, e não de R$ 67 bilhões. Aponta que, além da subavaliação que pode trazer prejuízo aos cofres públicos, a proposta não considera o impacto da venda da empresa na conta de energia.
A presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, afirma que o partido vai entrar na Justiça para contestar a privatização. Já o senador Jean Paul Prates (RN) diz que existem cálculos projetando aumento anual de 4,3% a 6,5% nas tarifas de energia elétrica.