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Investidores da fonte eólica que tradicionalmente aplicariam recursos na geração de eletricidade para o consumidor estão se preparando para projetos que serão usados exclusivamente na produção de hidrogênio verde. A modalidade offshore pode sair na frente, projetando empreendimentos que devem começar a operar entre cinco e sete anos, mas há um esforço da Associação Brasileira de Energia Eólica para que os parques em terra também explorem um mercado que, segundo estudo do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) pode agregar à economia brasileira US$ 8 bilhões, com projetos que poderiam ser implantados entre 2022 e 2026.
Há, porém, o efeito multiplicador disso, explica a presidente executiva da Abeeólica, Élbia Gannoun. Ela lembra que cada real injetado na economia traz de volta outros três, porque aquele investimento vai gerar emprego e renda, e pessoas vão consumir. “Os investimentos em geral tem essa característica”, diz a economista.
“Como já temos muita oferta de energia renovável – 100 GW de eólica, 100GW de solar -, energia à beça que não tem mercado para tudo isso, nós estamos olhando o hidrogênio como um importante mercado para nossa energia renovável. Tanto a solar e a onshore, quando a eólica offshore”, afirma.
A produção de hidrogênio vai exigir novas plantas, porque as usinas existentes hoje e as em construção já estão contratadas para atender o mercado consumidor, acrescenta a executiva. O relatório do GWEC calcula um potencial de 20 GW com essa finalidade nos próximos cinco anos no Brasil, Índia, México, Filipinas e África do Sul.
Para fazer esse “choque de onda verde”, lembra Élbia, o investidor tem que sair do BAU (business as usual). Apenas no Brasil, é possível criar 575 mil empregos nos próximos anos, segundo o GWEC. Essa projeção leva em conta que para cada 1 MW instalado são criados 11 postos de trabalho permanente.
A presidente da Abeeólica diz que esse movimento já está acontecendo na eólica offshore, que foi regulamentada por decreto no ano passado. O governo também publicou as diretrizes da Política Nacional do Hidrogênio.
O documento do GWEC destaca a importância de uma sinalização regulatória nas ações de recuperação verde, cobrando “compromissos politicos” dos países. Élbia ressalva, no entanto, que a ideia não é cobrar incentivo ou qualquer tipo de subsídio, mas uma estrutura que dê o sinal para investimentos privados, como foi feito com o decreto da offshore.
O mesmo se aplica ao licenciamento ambiental dos empreendimentos, diz a executiva. Ele reconhece que o Brasil está entre os países que tem um aparato regulatório mais estável.
A aposta em vários países do mundo é de que produção de hidrogênio verde vai deslanchar até o final da década. Isso exige que o setor comece a se organizar agora, finaliza a executiva.