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A principal mensagem do segundo volume do sexto relatório do IPCC – o painel científico para o clima da ONU – lançado no final de fevereiro – é que o planeta Terra enfrentará uma série de riscos climáticos inevitáveis durante as próximas duas décadas, provocados pelo aquecimento global de 1,5°C. O alerta é para impactos adicionais severos, alguns dos quais serão irreversíveis.
O documento dividido entres impactos, adaptação e vulnerabilidade aponta que para evitar a perda crescente de vidas, biodiversidade e infraestrutura crítica é necessária uma ação ambiciosa e acelerada de adaptação às mudanças climáticas, com cortes rápidos em emissões de gases de efeitos estufa. “Este relatório é um alerta terrível sobre as consequências da inação”, declarou Hoesung Lee, presidente do IPCC, durante apresentação do estudo.
Na avaliação do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Jean Ometto, a disputa pela água vai aumentar no Brasil, afetando não só a produção de alimentos mas também a saúde pública e a produção de energia, visto que a maior parte da eletricidade ainda vem das hidrelétricas. O país ainda busca assegurar a saída de sua pior crise hídrica registrada na última estação seca, provocada por anos de chuvas irregulares.
“A partir do momento que vemos a frequência dos eventos extremos, como seca aumentando, temos um período de comprometimento maior na capacidade de geração elétrica. É preciso discutir a fundo opções e não achar que termelétrica é a solução”, comenta o pesquisador, que também é o autor-líder do capítulo 12. Ometto destaca ainda que o relatório traz trajetórias resilientes ao clima, com uma série de ações de mitigação e adaptação de infraestrutura que dialogam com a transição energética do setor.
Eventos extremos
O levantamento indica que a seca já é uma ameaça crescente em algumas partes do Brasil. As áreas do Nordestes sujeitas ao fenômeno, por exemplo, aumentaram em 65% no período 2010-2019 em comparação a 1950-1059.
Para o futuro espera-se que os impactos do clima impulsionem ainda mais o fenômeno, que se tornará mais frequente em áreas maiores no sul da Amazônia, podendo reduzir em 27% a vazão na bacia do Tapajós e em 53% na bacia do Araguaia-Tocantins até 2100.
Ao mesmo tempo em que projeta a diminuição da pluviosidade geral em grande parte do país e em 22% no Nordeste caso as emissões forem elevadas, o estudo aponta para elevação no número de chuvas extremas. Enchentes, deslizamentos de terra e outras ocorrências devem crescer, sendo um ponto de atenção às empresas que distribuem energia elétrica, ou mesmo para as transmissoras e geradoras. Acre, Rondônia, Sul do Amazonas e Pará são os estados e regiões que mais devem sofrer com o aumento do risco dessas inundações.