O nível de contratação de energia da AES Brasil para 2024 já alcançou o nível que a empresa planejava. Com 83% de toda a sua garantia física assegurada por meio de contratos, a CEO da empresa, Clarissa Saddock, afirma que esse índice é confortável para que a empresa possa capturar oportunidades no curto prazo.
Segundo dados da companhia, o volume contratado para 2022 é de 81% ao preço médio de R$ 190/MWh. Para o ano que vem esse volume aumenta para 87% a R$ 193/MWh. O preço de 2024 cai em relação aos dois próximos anos, para R$ 185/MWh, mesmo patamar de 2025, período no qual o nível de acordos da geradora é de 66%.
Uma importante parcela de PPAs e acordos de autoprodução negociados em 2021 entram em vigor nesse período. É o caso de 767 MW em novos projetos derivados de grandes consumidores como Minas Ligas, Ferbasa, BRF, Alcoa e Unipar que somam 371 MW médios por períodos que variam de 15 a 20 anos.
A executiva ressaltou em teleconferência de resultados de 2021, realizada nesta sexta-feira, 4 de março, que em 2021 foram fechados 893 MW em PPAs ou acordos de autoprodução. Desse volume 391 MW somente no último trimestre do ano, com Alcoa e Unipar.
Atualmente a AES Brasil está com uma capacidade instalada de 3,7 GW e está com 1 GW em construção de portfolio já contratado. Mas, ressaltou a executiva, a empresa possui um pipeline de projetos que permitem ainda fechar mais 1,3 GW o que levaria a companhia a 6 GW. Desse montante, 44% na fonte hídrica, outros 44% em eólicas e a parcela de 11% residual em solar.
“O nosso foco para este ano é a conclusão de Tucano e o avanço de Cajuína, mas olhamos M&A também”, disse a executiva sem dar mais detalhes. “Temos neste ano ainda 114 MW contratados na modalidade autoprodução com dois clientes por 20 anos que estão sendo alocados no slot 2 de Cajuína que tem 370 MW ao total e cujos contratos estão próximos de serem assinados”, comentou Clarissa.
A CEO da AES ressaltou ainda que nesses dois novos contratos de autoprodução os preços estão em um patamar ainda mais baixo do que os vistos atualmente. O capex para esses projetos estão na ordem de R$ 5,7 milhões por MW instalado, o que ajudará os clientes a terem um valor de energia mais competitivo. Os aerogeradores para esses projetos são os da Nordex, sob o contrato guarda chuva que a empresa possui que pode chegar a 1,5 GW conforma Clarissa revelou ainda em 2021 em entrevista à Agência CanalEnergia.
“Essa energia tem um preço melhor para o cliente uma vez que o patamar de valores segue subindo. No mercado vemos hoje preços passando de R$ 200, mas esses aqui não”, acrescentou.
O complexo eólico Tucano (BA) está com 59% de conclusão sendo que a estimativa é de que no segundo semestre seja colocado em operação 322 MW contratados. O comissionamento ocorrerá ao longo desse semestre. Em Cajuína (RN) são 684 MW contratados, nesse complexo a empresa está na etapa final de licenciamento com PPAs começando a entrar em vigor em 2023 e 2024.
Para o futuro, disse Clarissa, a AES vê o avanço da comercialização varejista ao passo que a migração de novos consumidores cresce e a companhia aposta nesse segmento. “A perspectiva é muito elevada com a abertura do mercado, esse é um foco presente e será maior ainda assim que as migrações forem ocorrendo”, afirmou.
Para mais de dois anos a AES aponta ainda entre outras possibilidades a adoção de projetos híbridos, incluindo o uso de áreas contíguas aos reservatórios das UHEs, bem como, estabelecer unidades flutuantes de geração solar para utilizar-se dessa modalidade regulamentada no final de 2021 pela Aneel. Outro caminho poderá ser o hidrogênio verde também.