Dados da Associação da Indústria de Cogeração de Energia, a Cogen, mostram que a cogeração em operação comercial no Brasil já teve um incremento de 134,8 MW este ano. A adição é decorrente da entrada em operação da nova usina da Klabin em Ortigueira, no Paraná, movida a licor negro – um subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose. No país, a cogeração já conta com 635 usinas, totalizando 19,57 GW de capacidade instalada — o que corresponde a 10,8% da matriz elétrica brasileira, de 182,4 GW.

A produção de energia movida a bagaço de cana-de-açúcar conta com 11.941 MW instalados, representando 60,6% do total. Em segundo está o licor negro, com 3.205 MW instalados (16,3%), enquanto a cogeração a gás natural tem 3.152 MW instalados (16%). A cogeração derivada de cavaco de madeira chega a 846 MW instalados (0,8%) e a produzida com biogás detém 369 MW instalados (0,4%). Outras fontes somam 193 MW instalados e completam o quadro (0,2%).

Somente para 2022, a projeção é de entrada em operação comercial de 807,18 MW em 22 usinas, incluindo a Usina Puma II da Klabin (134,8 MW). De acordo com Newton Duarte, presidente executivo da Cogen, a cogeração é uma energia de enorme importância para o país. Segundo ele, é resiliente, eficiente e distribuída, com produção próxima dos pontos de carga. Duarte acredita que a cogeração pode ser mais incentivada e revela estar trabalhando em tratativas com os órgãos competentes para que as distribuidoras de energia possam realizar chamadas públicas e contratar até 10% de sua carga de energia a partir da cogeração. Desse modo, poderão reforçar sua oferta e proporcionar uma energia de maior qualidade para os consumidores.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Regulação da Cogen, Leonardo Caio Filho, a cogeração a biomassas tem sido fundamental para a segurança energética do País. Caio conta que a cogeração ajuda a poupar 14 pontos percentuais do nível dos reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que representa o principal mercado consumidor do País. Para ele, um dos principais atributos da cogeração é justamente o fato de que o período de maior produção das usinas de açúcar e etanol ocorre na safra entre os meses de abril e novembro, exatamente no período seco.

No ranking por unidades da federação de cogeração por biomassa, o Estado de São Paulo lidera a lista com 7,4 GW instalados. Em segundo está o Mato Grosso do Sul, com 1,9 GW instalados. Na sequência vêm Minas Gerais (1,7 GW instalados), Goiás (1,4 GW instalados) e Rio de Janeiro (1,3 GW instalados).

Entre os cinco setores industriais que mais usam a cogeração estão o Sucroenergético (11.964 MW), Papel e Celulose (3.059 MW), Petroquímico (2.305 MW), Madeireiro (799 MW) e Alimentos e Bebidas (624 MW).