A Neoenergia e o Banco Europeu de Investimento assinaram nesta quarta-feira, 16 de março, o financiamento de € 200 milhões, cerca de R$ 1,2 bilhão para projetos renováveis no Brasil. Os projetos em questão são os complexos eólicos Chafariz (PB – 471 MW) e Oitis (PI/BA – 566,5 MW) e o complexo solar Luiza (PB – 149,3 MW).

O complexo de Chafariz já está operacional, enquanto os de Oitis e Luzia devem entrar em operação este ano. O comissionamento da primeira máquina em Oitis está previsto para acontecer até julho, enquanto em Luzia essa fase deve ficar para o quarto trimestre. Juntos, os parques eólicos demandarão investimentos de R$ 5 bilhões. Para o complexo solar, a expectativa de investimentos é de cerca de R$ 450 milhões.

Em cerimônia no Rio de Janeiro (RJ), o CEO da Neoenergia, Mario Ruiz-Tagle, reforçou a parceria com o BEI, destacando a vinda ao país de uma nova fonte de financiamento para um projeto com pegada sustentável. O executivo frisou que as empresas precisam diversificar suas fontes de financiamento, de maneira que os recursos do BNDES, que sempre apostou no setor elétrico, também possam ser destinados para o fomento de outras áreas. Ruiz -Tagle lembrou que a opção pelas renováveis é uma bandeira antiga da Iberdrola – Grupo espanhol que controla a Neoenergia – e que foi trazida para o Brasil. A abundância dos recursos eólicos e solares no Brasil, que deu mais intensidade ao incremento das renováveis foi outro ponto ressaltado por Ruiz -Tagle.

O BEI é a instituição da União Europeia que viabiliza empréstimos a longo prazo e cujo capital é detido pelos Estados-Membros. O financiamento da Neonergia é o primeiro do ano para o Brasil. Segundo o vice-presidente do banco, Ricardo Mourinho Félix, o país é responsável em média por cerca de 42% do crédito concedido para a América Latina, em torno de € 800 milhões por ano. No ano passado o BEI concedeu € 8,1 bilhões de financiamento a projetos em mais de 160 países fora da União Europeia, incluindo o Brasil. O BEI avalia a sustentabilidade técnica e econômica dos projetos, assim como os impactos nas esferas social e climática, além da contribuição para a resiliência global. Em dez anos já foram financiados 44 projetos no Brasil.

Recentemente, foi lançado o BEI Global, que reforçará as atividades fora da União Europeia, incluindo a América Latina. Desde o início das operações do BEI na América Latina, em 1993, o banco disponibilizou um total de € 11,4 bilhões em financiamento, para apoiar 150 projetos em 15 países da região.

O vice-presidente do BEI, que também é responsável pelas operações na América Latina, vê o Brasil com posições estratégicas na transição energética. Ainda segundo ele, o país tem os recursos para ser um dos grandes produtores e exportadores de hidrogênio verde. Para ele, a guerra da Rússia com a Ucrânia já afeta a Europa, de modo a se acelerar a transição energética para reduzir dependências. Mas ele adverte que esse processo leva tempo para ser conduzido “A transição não é uma revolução e precisa de tempo, que temos que assistir”, explica.