Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

Um pouco antes da chegada já é possível avistar uma imensidão de aerogeradores instalados, majoritariamente no topo da serra. Logo em seguida vem a turbulência, pouco antes do pouso no pequeno aeroporto municipal de Guanambi (BA). Esses dois fatos acabam por comprovar que estamos em uma das maiores e primeiras jazidas de ventos exploradas no país nos primeiros leilões dedicados à fonte eólica no país, localizada no centro sul da Bahia em altitudes que podem chegar a 1 mil metros.

A região conta com um potencial de geração de cerca mais de 5 GW da fonte eólica, essa é a capacidade de escoamento da ICG Igaporã, da Chesf. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, a Bahia é o segundo colocado no ranking de capacidade instalada da fonte com o total de quase 6 GW em operação, já a potência outorgada está em 11,9 GW. No Rio Grande do Norte há 6,6 GW gerando energia e o total outorgado pela agência reguladora é menor, 11,2 GW.

E nesse processo, uma das primeiras empresas a se instalar na região despontava com grande destaque, a Renova Energia. Contudo, a organização entrou em recuperação judicial, teve que vender todos os ativos operacionais nesse processo para sobreviver e se manter no mercado. A companhia reduziu de tamanho e agora está de volta ao mercado.

Desde o dia 12 de dezembro voltou a injetar energia na Rede Básica com seus primeiros aerogeradores do Complexo Eólico Alto Sertão 3 Fase A, o único que ficou em seu portfólio de ativos, fora o pipeline de projetos. Os demais empreendimentos operacionais foram negociados conforme o plano aprovado pelos credores, além de outros que foram negociados, como por exemplo, na semana passada com a AES que ficou com o projeto Cordilheira, com cerca de 300 MW no Rio Grande do Norte.

Parque eólico da Renova em operação comercial

No final da semana passada, enquanto a reportagem da Agência CanalEnergia visitava os ativos, a empresa se preparava para iniciar a energização de mais 24 aerogeradores. Com essas máquinas, a companhia soma 45 em operação, todas para atender ao mercado regulado, em contratos fechados nos leilões de energia de reserva de 2013 e 2014. Apesar disso, a maior parte da energia negociada no projeto de 432,5 MW está no mercado livre, são 53% no ACL e 47% no mercado regulado.

De acordo com o diretor de Engenharia e Operações da empresa, Ricardo Lira, a companhia espera a conclusão do bay de conexão em 500 kV da própria empresa na SE Igaporã da Chesf para iniciar o fornecimento ao ACL.

“Estamos com 132 MW em operação comercial e até o final de março esperamos ter mais 64 MW somando 69 turbinas do total de 155 máquinas que compõem Alto Sertão 3 – fase A. Já temos muitas delas montadas, são 30 nessa condição que estão paradas esperando a conexão de 500 kV e outras 21 que precisam apenas da pá”, detalhou o executivo.

Atualmente, a empresa está com as obras em ritmo acelerado. Conta com pelo menos quatro guindastes dedicados à instalação dos aerogeradores que ainda restam e em estágios diferentes de conclusão, há aqueles desde torres ainda no início de montagem como outras bem próximas de serem completadas. Além, é claro, daqueles que estão prontos esperando a anuência do Operador Nacional do Sistema Elétrico e o despacho da Aneel para o início da operação.

Ao total, o projeto Alto Sertão 3 Fase A é composto de 26 SPEs, sendo nove vendidas no LER 2013, outros três no LER 2014 e os 14 restantes negociados no ACL. A estimativa é de que todos estejam em operação comercial até o final de junho.

Os aerogeradores utilizados são os definidos no início do projeto, ainda como Alstom, depois adquirida pela GE, com  potências que variam de 2,7 MW e 3 MW. O fator de capacidade verificado nesse período de pouco mais de três meses de operação pela companhia é de até 49,5%, mas segundo o mapa de vento já verificado no período de maio a outubro está entre um intervalo de 48% a 56%, em março está o período em que o índice é mais baixo, na faixa de 34%. A Renova projeta que todo o empreendimento poderá produzir 1.280 GWh/ano de energia.

Ricardo Lira, da Renova, explica plano de retomada da empresa, que contou com ações típicas de O&M para recuperação de máquinas e equipamentos que estavam parados a seis anos

Retomada
Mas para chegar a essa posição, contou Lira, a empresa teve que enfrentar nos últimos 10 meses um amplo programa de recuperação de equipamentos. Até porque as obras ficaram paralisadas por quase seis anos. Todo o processo de retomada recomeçou oficialmente em maio, com o empréstimo DIP da empresa liberado no final de março. Nesse período a Renova viu a entrada de recursos em seu caixa para iniciar a mobilização dos trabalhadores.

O executivo contou que a atividade em campo começou com a revisão dos equipamentos já instalados. A Renova registrava 83% de conclusão da obra quando a crise chegou e a implantação do projeto parou.

“Começamos com as subestações, temos quatro ao total, e estavam com média de avanço de 80% de completude. Tínhamos 87 turbinas montadas e 40 faltando as pás, bem como outras 28 que precisavam da montagem total, dessas 17 ainda não tinham chegado da fabricante, as pás estavam em Itu (SP) e aerogeradores vieram da fábrica da GE na Bahia”, lembrou Lira. “Além disso, tivemos que revisar e reconstituir todos os sistemas, desde verificação de componentes e subcomponentes das máquinas, troca de sistemas de baterias, revisão de painéis elétricos e eletrônicos, recuperação de pás em diferentes estágios de necessidade de intervenções, lubrificação, troca de graxa, entre outras várias ações”, acrescentou.

Segundo Lira, as ações desse plano de retomada só terminam quando todos os equipamentos estiverem aptos à operação comercial. Serão 13 meses de atividades ao total. Oficialmente a empresa registrava 83% da obra completada. Mas não restavam apenas 17%, por conta da necessidade de revisão de todos os equipamentos para a operação segura e eficiente, precisou recuar um pouco. Até porque, a Chesf também solicitou alterações no projeto para a conexão em suas subestações de 230 kV e de 500 kV que não eram esperadas. Além disso, foram revitalizados e refeitos 120 km de estradas e acessos à região dos aerogeradores.

Içamento de pá em aerogerador da Renova no projeto Alto Sertão Fase A 

Do total de 100% do chamado “projeto retomada’, já foram efetuados 64% do cronograma. A maior parte das ações estão relacionadas a atividade típicas de Operação e Manutenção já descritas acima. Os 40% desse plano referem-se efetivamente à conclusão dos 17% da obra greenfield que não chegaram a ser realizados.

Expansão
A Renova possui uma capacidade de escoamento de energia naquela região que soma pouco mais de 1 GW. A empresa já concluiu a sessão de 230 kV e a de 500 kV está próxima de ser terminada. Na prática, explicou o diretor, a companhia possui potencial de praticamente dobrar de tamanho na região que já possui mais de 1 mil torres de diversos players, alguns deles chegaram depois que a própria Renova vendeu ativos.

No pipeline de projeto já mapeados na área estão 700 MW na fonte eólica e outros 300 MW na fonte solar que já podem ser implantados, contam inclusive com acordos com as famílias proprietárias das terras. Desse total, 500 MW podem ser conectados nessa capacidade que está praticamente pronta. E essa capacidade futura deverá contar com uma redução de capex de 15% a 20% uma vez que o investimento em transmissão não precisará ser realizado.

O CEO da empresa, Marcelo Milliet, disse em entrevista em janeiro que a Renova conta atualmente com um pipeline de projetos de cerca de 6 GW. E que mais projetos deverão ser negociados pela empresa que tem como foco investir nessa região da Bahia onde há margem para escoamento.

As obras do Centro de Operações estão em andamento em paralelo ao avanço das obras de geração. Estará localizado na cidade de Morrinhos, onde hoje está o canteiro de obras e escritório central da Renova na região. Atualmente, o monitoramento das máquinas em operação é feito de forma remota nas subestações onde estão conectadas. Mas quando essa central estiver concluída será centralizada.

Ao final de junho, resume Lira, terão sido 13 meses de trabalho desde a retomada do projeto. Para os colaboradores com quem a reportagem teve contato, após seis anos de obras paralisadas, as afirmações passaram de um “vai dar certo”, para “está dando certo” até um “deu certo”, não só para a eles, mas também para o setor elétrico, cuja demanda continua a crescer.

*O repórter viajou a convite da Renova Energia