A alta mundial no preço do gás natural após a invasão russa à Ucrânia não irá alterar os planos e modelos de negócios da Eneva para esse e os próximos anos. “Essa condição é conjuntural, a curto prazo. Quando se olha a ascendência de médio a longo prazo os preços tendem a convergir”, comentou o diretor de Novos Negócios, Marketing, Comercialização de Gás e Energia, Marcelo Lopes, durante teleconferência da companhia ao mercado nessa terça-feira, 22 de março.

Não obstante o executivo afirmou que a frente de comercialização do gás, aproveitando habilidades desenvolvidas nos projetos de Azulão e Jaguatirica, tem uma possibilidade adicional de monetização, não para substituir o modelo R2W (Reservoir-to-wire), mas como mais uma alternativa para trazer o maior retorno possível em cima das reservas que estão sendo exploradas.

Perguntado sobre a possibilidade de exportação do gás natural para além do uso na geração de energia, o diretor de Operações, Lino Cançado, lembrou que para isso seria preciso liquefazer o gás em larga escala, o que ainda não é uma realidade para a empresa, que possui esse padrão em pequena escala para atender a térmica Jaguatirica II.

“Dado o avanço da campanha exploratória é uma possibilidade nos planos de médio prazo da companhia, caso as reservas sejam maiores do que a capacidade de vender o gás no Brasil”, destacou o executivo.

Modelo R2W monetiza acumulações de gás natural em regiões remotas onshore, como no complexo Parnaíba (Eneva)

Leilões

Quanto a expectativa de atendimento a infraestrutura dos hubs, Marcelo Lopes afirmou que os projetos estão avançando e que a prioridade inicial é amadurecê-los do ponto de vista de engenharia e da cotação apurada dos custos, o que deve acontecer até o meio do ano.

“A ideia é chegar ao final do ano com os projetos maduros para aproveitar as oportunidades, principalmente no leilão de capacidade ou ainda no de reserva”, ressaltou o diretor, salientando um pipeline para quase todos próximos certames, contando também com a sinergia da integração recente da Focus Energia para as renováveis, mas adequado para o A-4, A-5 e A-6.

Gás no Norte

Em outra frente a companhia vem trabalhado no desenvolvimento para oferecer soluções integradas no Norte do país, com o foco principal na substituição de diesel por gás nos sistemas isolados e na inserção do gás natural na matriz de transporte hidroviário.

“Estamos avançando em algumas parcerias, tanto para viabilizar a solução logística como de geração, além da propulsão das barcaças para implementação comercial dos primeiros projetos em 2022”, finalizou Lopes.