Com 3,8 GW de nova capacidade adicionada em 2021, o Brasil ultrapassou a França e subiu para a sexta posição no ranking mundial da fonte eólica onshore, segundo levantamento do Global Wind Energy Council (GWEC) divulgado nessa segunda-feira, 4 de abril. A potência atual chega a 21,5 GW entre 795 parques instalados, atrás de países como Índia, Espanha, e à frente de Canadá, Reino Unido e Suécia. Lideram a lista a China, com 310,6 GW, seguida por Estados Unidos e Alemanha, com 134,3 GW e 56,8 GW respectivamente.

O relatório também mostra que o país foi o terceiro país que mais instalou unidades geradoras, repetindo o feito de 2020 e ficando atrás apenas de China e EUA. A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, comentou que a indústria tem atuado de forma eficiente e crescendo não apenas no mercado regulado mas com forte expansão no ambiente de contratação livre.

“Já são mais de 9 mil aerogeradores em operação para a segunda fonte da matriz elétrica e considerando o que já temos em contratos assinados vamos chegar a 2026 com pelo menos 36 GW”, aponta a dirigente.

No olhar global o ranking mostra que a capacidade aumentou 93,6 GW em 2022, levando a potência total acumulada para 837 GW, representando um acréscimo ano a ano de 12%. Enquanto os dois maiores mercados, China e EUA, instalaram menor capacidade eólica onshore no ano que passou – 30,7 GW e 12,7 GW, respectivamente – outras regiões tiveram anos recordes.

Europa, América Latina e África e Oriente Médio aumentaram as novas instalações em 19%, 27% e 120%, respectivamente. Os dados do GWEC também destacam que a indústria eólica teve seu segundo melhor ano em 2021, com quase 94 GW de capacidade adicionada globalmente, volume apenas 1,8% menor do que a taxa de crescimento da fonte ano a ano em 2020.

Por sua vez o mercado offshore teve seu melhor ano em 2021, com 21,1 GW comissionados, três vezes mais do que no ano anterior. A China foi responsável por 80% desse incremento e ultrapassou o Reino Unido como maior potência em instalações cumulativas na modalidade de exploração.

Quadruplicar capacidade para zerar emissões até 2050

Apesar de considerar os resultados como sinais de resiliência e trajetória ascendente da indústria eólica mundial, o GWEC deixa claro no relatório que a evolução precisa ser mais rápida ou ter maior amplitude para frear os impactos do aquecimento da Terra. A ideia é quadruplicar até o final da década a capacidade na fonte e o mundo permanecer na rota dos 1,5°C para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.

“Alavancar o crescimento e alcançar a segurança energética exigirá uma abordagem nova e mais proativa para a formulação de políticas em todo o mundo”, destaca o texto. O documento também aponta que as economias e consumidores estão expostos à extrema volatilidade dos combustíveis fósseis e altos preços em todo o mundo, sintoma de que a transição energética está hesitante e desordenada, enquanto a invasão da Ucrânia expôs as implicações da dependência das importações de commodities.

“Os últimos 12 meses devem servir como um grande alerta de que precisamos, decisivamente, avançar e mudar para sistemas de energia do século 21 baseados em energias renováveis”, crava o CEO do GWEC, Ben Backwell, reforçando a importância de acelerar a implantação de energia eólica no mundo.

Já Elbia lembra de passos importantes que estão sendo dados no Brasil, como a entrada no mercado offshore dentro de alguns anos, além das discussões sobre a produção de hidrogênio verde por meio das renováveis e do mercado livre com boas perspectivas de crescimento. “Estou certa de que com offshore e hidrogênio teremos números ainda maiores e precisamos disso para enfrentar os efeitos do aquecimento global e conseguir zerar as emissões até 2050”, finaliza Gannoum.