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A palavra equilíbrio está na ordem de curto, médio e longo prazo na Auren Energia, empresa resultante da reorganização da VTRM que engloba ativos da Votorantim Energia e CPPI, incluindo a Cesp. A empresa estreou na B3 no dia 28 de março com 2,7 GW de capacidade de geração em operação e cerca de 2,5 GW na carteira de sua comercializadora. O foco agora é de crescimento, mas buscando um portfolio que deixe a companhia menos exposta a riscos.
Atualmente a empresa possui 71% de seu parque de geração baseado na fonte hídrica. A maior delas, a UHE Porto Primavera (SP/MS, 1.540 MW), representa 58% do que a companhia opera. Além de participações em usinas hídricas, a empresa detém 100% de dois ativos de geração eólica no Nordeste que somam 562,9 MW.
O grande caminho que a empresa tem a seguir aponta o diretor presidente da companhia, Fábio Zanfelice, é por meio da expansão em ativos greenfield. Em entrevista à Agência CanalEnergia ele conta que o crescimento deve se dar por meio orgânico. Apesar disso não descarta a aquisição de ativos. “A premissa básica é de que apresente o retorno ao acionista que a empresa exige”, destaca o executivo.
“Não temos restrição nem de fonte, pode ser na hídrica ou até mesmo em transmissão que proporciona estabilidade de receita no longo prazo, buscamos equilíbrio em nosso portfolio”, revela ele sem falar em valores que a empresa deverá aportar em projetos. O executivo diz que há espaço, pois a alavancagem da companhia está em um nível de 1,5x a relação dívida líquida sobre o ebitda. No mercado esse índice é considerado como confortável para que empresas possam investir em novos ativos sem comprometer sua saúde financeira.
Contudo, nesse último segmento avalia que a Auren não entraria em leilões e sim apenas na aquisição de ativos, mas detalha que estes devem ser de grande porte para que a empresa possa ter relevância no mercado. Mas essas diretrizes só se concretizam quando aparecerem as oportunidades no mercado. Por enquanto o foco está nos aportes em ativos novos, principalmente na solar, cujo pipeline é de 1,7 GW, ainda em desenvolvimento. Em construção a empresa está tocando os projetos Ventos do Piauí II e III com quase 410 MW de potência instalada.
“Greenfield é um processo onde temos mais gestão sobre o investimento, nos ativos brownfield estamos ativos, mas depende das condições de mercado e de nosso portfólio”, comenta Zanfelice. “Nos projetos já existentes a principal premissa é o retorno adequado ao acionista e se está adequado ao nosso portfolio atual, se faz sentido ou não”, reforça.
Quando ele fala em equilíbrio no portfólio de geração evita falar em 33% para cada uma das fontes em que a empresa atua. Zanfelice conta que esse é o ponto matemático dessa equação, mas que é necessário avaliar as condições do setor em determinado momento. Apesar disso, concorda que no ano passado com a crise hídrica, ter 71% não era o ponto ideal. Em 2022, essa conta inverteu por conta da disponibilidade de água. Por isso, destaca que a previsibilidade e equilíbrio para o longo prazo é importante.
PL 414
Para a Auren Energia, dois pontos do PL 414 devem estar no radar da empresa, principalmente. Um deles é a possibilidade do estabelecimento dos serviços ancilares e leilão de potência (ou lastro). Isso porque o maior ativo da empresa atualmente, a UHE Porto Primavera, possui quatro poços ainda vazios que poderiam ter novas máquinas de 110 MW cada e agregar 440 MW de potência nessa modalidade.
Contudo, lembra que essa mudança no setor não deverá acontecer de uma vez, tem que passar pela regulação da Aneel e que não é uma medida de fácil implementação, pois é importante não distorcer o que já foi feito no setor elétrico nacional até o momento.
Outro movimento que atrai a atenção – e não é somente da Auren – é a abertura do mercado. A empresa, conta, vem se preparando para lançar uma plataforma de trade de energia. O processo está em fase avançada de desenvolvimento em testes internos. Até porque, diz Zanfelice, a companhia quer estar pronta para quando o momento chegar, pois será nem distinto do que pratica atualmente que é um B2B.
“Como os consumidores são de menor porte é quase uma relação B2C e para isso precisamos ser digitais, ter agilidade e oferecer produtos mais simplificados para atender esse cliente de menor porte que demanda serviços”, pontua. “Esses clientes serão de tíquetes menores mas com maior rentabilidade e mais risco, e isso representa um desafio a ser mitigado”, acrescenta o executivo, comentando que no futuro até mesmo a baixa tensão pode fazer sentido para a Auren à medida que a abertura é expandida.