O furto de cabos de cobre é um crime que tem gerado grande número de ocorrências na Região Metropolitana de Belo Horizonte e causado transtornos para as empresas públicas que ofertam serviços essenciais à sociedade, como a Cemig e Copasa. Nos últimos três anos, entre 2019 e 2021, a Cemig teve cerca de 20 quilômetros de cabos de cobre da sua rede subterrânea furtados no hipercentro de Belo Horizonte, ocasionando um prejuízo financeiro estimado em R$3,3 milhões. No ano passado, a média era de nove furtos de cabos por mês e, agora, neste início de ano, é de 11 furtos de cabos por mês. Nos últimos meses, ações criminosas desta natureza provocaram a interrupção da energia, colocando em perigo centenas de pessoas em hospitais da cidade e deixando sem água consumidores de algumas regiões.
Em março, uma ocorrência de tentativa de furto de cabos em uma galeria subterrânea, registrada no Hospital das Clínicas, na Região Hospitalar da capital mineira, causou um curto-circuito no cabeamento interno e atingiu a rede subterrânea da Cemig. O fato acabou gerando a interrupção de energia em certos pontos da região, atingindo a unidade e outros hospitais localizados no entorno. Em razão do ocorrido, cirurgias precisaram ser desmarcadas e o atendimento foi reduzido até que a situação fosse totalmente restabelecida. A Copasa também enfrenta problemas e situações desafiadoras em razão do furto de cabos de cobres. De acordo com a concessionária de água e esgoto, em quase metade das ocorrências de furtos de fios deste material, que são utilizados nas operações diárias da empresa, a consequência gerada é a falta de água para os clientes. As unidades de abastecimento da Copasa ficam sem energia, impedindo o bombeamento até a população.
O técnico da Rede Subterrânea da Cemig, Felipe Martins, explica que, além dos prejuízos financeiros causados à empresa por esse tipo de ação criminosa, a maior preocupação da companhia é com os riscos que atitudes como essas podem ocasionar às pessoas. De acordo com ele, até a primeira quinzena de março, já se somavam quase 2 quilômetros de cabos furtados e um prejuízo de R$100 mil aproximadamente. No entanto, o que mais preocupa é a segurança da população. O furto de cabos pode deixar hospitais sem luz, trânsito sem sinalização e comércios sem poder funcionar, por exemplo, prejudicando a todos.
Segundo o gerente da Unidade de Controle Operacional da Copasa, Rodrigo Ferreira Coimbra e Silva, um levantamento feito pela empresa apontou para um crescimento na média de ocorrências mensais de furtos de cabos que acabam impactam diretamente nos serviços da empresa. Só no último ano, entre março de 2021 e 2022, a Copasa registrou 104 situações de furto de cabo, sendo a maior parte na RMBH, na região Central e no Sul do estado. A empresa gastou, aproximadamente, R$ 2 milhões para reparar os estragos provocados e restabelecer as redes de abastecimento de água.
A Cemig e a Copasa desenvolvem uma série de medidas que tem o objetivo de evitar e inibir esse tipo de prática. No caso da Cemig, o uso de novas tecnologias de trancas e cadeados, além da instalação de grades e tampas bastante pesadas nas galerias da rede subterrânea que compõem o hipercentro e região da Savassi, em Belo Horizonte, são algumas dessas iniciativas. A estatal realizou também, na última década, a substituição, na rede aérea da sua área de concessão, de todo o cabeamento de cobre para alumínio, que é um excelente condutor elétrico, mas não atrai a atenção dos infratores devido ao seu baixo valor de mercado. A Copasa tem ampliado a vigilância eletrônica de suas áreas e apoiado a polícia nas ações de inteligência que visam desvendar os receptadores de cabos.
Na área de responsabilidade da Cemig, esse tipo de crime está concentrado no hipercentro de Belo Horizonte, onde se localiza a maior extensão da rede subterrânea da Companhia, que possui em sua composição a fiação de cobre. Já com os clientes residenciais e comerciais, o que se observa é que a maior parte das ocorrências de falta de energia, em razão de furto de cabos de cobre, acontece nas redes internas das instalações, que são de responsabilidade do cliente, como padrões de entrada ou cabos dos circuitos internos das instalações.