As térmicas colocadas na Lei 14.182 de forma compulsória no PL de capitalização da Eletrobras podem custar entre R$ 450 a R$ 650 por MWh. Esse é o resultado de dois estudos feitos pela PSR e apresentados no Workshop PSR/CanalEnergia, que acontece nesta terça-feira, 19 de abril, no Rio de Janeiro. Outro impacto dessas usinas que poderão ser viabilizadas por meio de Energia de Reserva ou lastro é de reduzir a liquidez do mercado, pois são equivalentes a 16 GW de capacidade de expansão na fonte eólica, ou ainda, 34 GW em projetos na fonte solar.
Segundo o consultor de investimentos da PSR, Edmundo Gruce, entre as consequências dessas inclusões das UTEs está o deslocamento do GSF que pode ser impactado em 6 pontos porcentuais. E ainda, poderia ser vista uma sobreoferta de energia 5 p.p. entre o cenário com essas usinas quando comparado ao que não temos esses projetos. Segundo o executivo, o efeito deverá ser sentido na próxima década entre 2030 e 2040.
Por outro lado, apontou o executivo, há uma expectativa de redução de R$ 50 por MWh no PLD. Esse efeito deve-se ao fato de que a energia inflexível, condição colocada na lei para 70% da energia dessas térmicas, não forma preço e esse montante induz a uma redução da demanda líquida e ainda desloca a produção de outras usinas despacháveis.
Segundo a análise apresentada no Worskshop, a capitalização da Eletrobras se efetivada poderá levar a uma redução da tarifa de 2,4%. Isso por conta do aporte de R$ 5 bilhões ao ano que a elétrica terá que inserir na CDE para compensar o consumidor regulado que sentirá o efeito da descotização da energia e que passará a Produtor Independente de Energia.
“O orçamento da CDE em 2022 é de R$ 31 bilhões, sendo que desses, R$ 29 bilhões são financiados pelos consumidores de energia. Desse volume, R$ 19 bilhões custeados no regulado e R$ 9,8 bilhões no ACL. Com os R$ 5 bilhões nesse ano na parte do ACR falamos em redução da CDE de 26% para os consumidores regulados, levando a um impacto na tarifa de energia de 2,4% no custo final”, descreveu o consultor.
Agora uma questão que ainda traz impacto para o setor é justamente o custo que essa contratação terá sobre o encargo da energia de reserva. Dependendo do preço da energia pode passar de um patamar atual de R$ 10 por MWh atualmente para R$ 80/MWh.
Esse cálculo tem como base o custo que essa contratação terá. A faixa de preços que a PSR estima para esses 8 GW levam como premissa para a faixa mais elevada a atualização do custo que deixa aberta se por IPCA, dólar, do barril Brent ou do Gás Natural de 2019 para cá. Na base do cenário leva a média de dois anos que considera períodos de baixas histórias do petróleo a até o cenário decorrente da guerra na Ucrânia.
No final das contas, aponta a consultora de Assuntos Estratégicos da PSR, Gisella Siciliano, o aporte de R$ 5 bilhões pela descotização da Eletrobras e o encargo de energia de reserva adicional tem como efeito a neutralidade para o consumidor.
A questão agora é verificar se a operação realmente sairá do papel. Na avaliação da audiência do worskhop à resposta de enquete instantânea, a opinião é de que a capitalização não deverá ser realizada, com 60,66% dos votos.