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A Siemens Energy lançou este mês um transformador monofásico do tipo seco para aplicação em postes de distribuição de energia. Projetado para os requisitos tecnológicos da rede americana em lidar com altas sobrecargas para o balanceamento do fluxo energético em tempo real, o equipamento foi concebido a partir de uma resina fundida e não pode explodir, além de contar com níveis de segurança contra incêndios e ser uma alternativa ecológica aos transformadores a óleo.

A solução, cunhada como Carepole, já está sendo fabricada na planta da multinacional alemã em Jundiaí (SP) e será exportada para todo o mundo. O aparelho foi projetado como um recurso plug-and-play, mecanismo de fixação idêntico aos transformadores imersos em fluido, sendo adequado para substituir as instalações existentes.

Segundo o vice-presidente sênior de produtos sem comutação da companhia, Eduardo Terzi, a previsão é alcançar a marca de pelo menos mil aparelhos em 2022. Atualmente existem 60 unidades com mais de 300 mil horas de operação, além de outras 60 já entregues a outros clientes e que não foram ainda energizadas, destacando que nenhum apresentou falhas até o momento.

“Têm empresas que logo após o projeto piloto compraram lotes e outras que não participaram mas compraram também. A grande maioria espera para ver com os outros se o negócio funciona mesmo, mas no Brasil há um driver particular de front runner das distribuidoras, não só de São Paulo mas outros estados do Brasil”, destacou o executivo.

Demanda ESG e redução de Opex

A ideia é seguir escalando a produção para baratear o preço e atingir margens de 10 mil e depois 20 mil unidades comercializadas entre 10 e 100 kilovolt-amps (kVa) e capacidade de tensão entre 15 e 36 kV. “A demanda será forte pois atende a diversos aspectos e principalmente os ESG, algo que está transformando a estratégia de planejamento das empresas”, aponta Terzi.

A resistência mecânica da estrutura e a resina fundida protegem contra a corrosão e vazamento, prolongando a vida útil do ativo para mais de 25 anos. Ao mesmo tempo evita que ladrões de cobre e alumínio destruam os transformadores e coloquem a si e a outros em risco. “São problemas principalmente de contaminação ambiental e redução na qualidade dos serviços DEC, FEC”, indica.

Indiretamente a tecnologia embarcada também pode reduzir o custo elevado de Opex das empresas, visto diminuir as falhas e o tempo de identificação dos eventos no sistema através da conectividade com um ioT gathering, que envia dados para a nuvem que consequentemente informa com precisão a posição da ocorrência para o deslocamento otimizado de equipes.

Durante os testes com clientes Terzi ainda referiu a descoberta de outro impacto positivo. Vedados com a resina fundida sob vácuo, os enrolamentos compactos permitem que o volume necessário no poste seja 20% menor do que para um aparelho convencional, o que é interessante no contexto de compartilhamento de postes junto a empresas de telecomunicações e para o futuro do 5G. “Cada 5 ou 10 centímetros de poste vale muito”, destacou.

Sem revelar nomes ele também contou que uma grande distribuidora de energia de São Paulo reduziu em 1/4 o tempo de troca de instalação, sem contar o período para descobrir qual equipamento deve ser trocado por conta da conectividade embarcada, que também lança alertas para evitar possíveis sobrecargas e ocorrências no futuro.

Projeto começou em 2016

A ideia nasceu de um protótipo da Siemens Energy em Jundiaí e que teve atenção especial de Eduardo Terzi há seis anos, quando trouxe o time brasileiro para o centro de competência de transformadores a seco na Alemanha. Ao todo foram investidos cerca de US$ 6 milhões para o desenvolvimento do P&D e na adequação da fábrica no interior paulista.

“O diretor global visitou a fábrica no Brasil recentemente e me perguntou por quê outras empresas desse mercado não criaram solução semelhante, ao passo que respondi porque é preciso acreditar e demanda muito tempo”, comentou o executivo sobre o processo de criação do produto, afirmando que o objetivo agora é crescer e aumentar a produção para ter as economias de escala, atingindo um preço mais desejado no mercado.