A Neoenergia já tem interessados na compra dos seus 10% de participação na hidrelétrica de Belo Monte (PA) e acompanha no momento o avanço das questões regulatórias que envolvem o ativo e a Norte Energia, disse nessa quarta-feira, 27 de abril, o CEO da companhia, Mário Ruiz Tagle. O executivo citou principalmente a definição de um hidrograma de consenso a ser aplicado no futuro para definir os parâmetros simultâneos a geração da usina e controle na vazão do rio Xingu.
No ano passado a Justiça Federal da 1ª Região de Altamira (PA) protocolou uma ação objetivando o reconhecimento de “situação de ilegalidade que se consolidou mediante a operação da usina sem a existência de um mecanismo de mitigação apto a garantir a partilha equilibrada das águas do rio Xingu”.
Além da empresa, também são sócios da UHE a Cemig — que também quer alienar sua participação — , a Eletrobras (com processo de transferência à Eletronorte), J.Malucelli Energia e as autoprodutoras Aliança Energia e Sinobras, além dos fundos Petros e Funcef. “Em relação a outros ativos hidráulicos, eólicos e outros estamos estudando sempre oportunidades tanto de investimentos quanto desinvestimentos, sempre observando e avaliando a carteira”, pontuou Tagle.
Além de Belo Monte, a Neoenergia tem participações diretas e indiretas em outras seis usinas de geração hídrica: Itapebi, Corumbá, Baguari, Dardanelos, Teles Pires e Baixo Iguaçu. Na ocasião o CEO também negou que a companhia esteja avaliando uma eventual compra da Enel Goiás, com o foco no momento recaindo no turnaround em Brasília e nas melhorias operacionais nas outras quatro distribuidoras.
Neoenergia e Cemig querem vender suas participações na quarta maior hidrelétrica do mundo (Norte Energia)
Leilão
Em relação ao próximo leilão de transmissão, marcado para junho, o executivo afirma analisar as oportunidades diante das mudanças nos cenários macroeconômicos e preço das commodities que influenciam nos investimentos, assim como no recente aumento no prazo de entrega de alguns suprimentos vindos da China e que influem em algumas áreas do setor.
“O mundo está vivendo uma situação difícil e inflacionária que faz a empresa reavaliar a estratégia plenamente ciente do tamanho do novo leilão que deve se traduzir em muita competitividade, o que vai gerar uma melhora nas expectativas de rentabilidade”, avalia Mário Ruiz Tagle, da Neoenergia.
Quanto a política de dividendos, Tagle ressaltou o potencial de alavancagem e estudos recentes para uma nova proposta a ser analisada pelo conselho de administração, mais atrelada a esses níveis e cenários futuros de investimentos referidos na fala acima.
Inadimplência controlada
Por fim o executivo comentou que enxerga uma melhor regulação do mercado sob ponto de vista entre o custo da operação e geração, destacando também a cultura do brasileiro de pagar as contas, com a inadimplência da companhia controlada em todas suas concessões, em linha com patamares pré-covid.
“Janeiro foi difícil com muita chuva e temperaturas baixas no Nordeste, mas estamos observando uma melhora na regulação do mercado, em linha com o que tínhamos traçado para o ano e daqui para frente vamos seguir em recuperação”, aponta o executivo, complementando que a expectativa pós aumento nas tarifas de energia virá pelo efeito compensatório do não acionamento das bandeiras, além da compensação do PIS/Cofins provisionado da empresa que ajudará a conter e amortecer os impactos.