A demanda por energia elétrica em março atingiu 44.101 GWh, maior valor de toda a série histórica compilada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desde 2004. Na comparação interanual, o consumo avançou 1,6% no mês, puxado pela classe comercial, que seguiu em recuperação em março, e pelo consumo das residências, que expandiu pelo segundo mês consecutivo. No acumulado em 12 meses, a demanda foi de 501.267 GWh, alta de 4,5% comparado com o período anterior.

A classe comercial subiu 6,1%, atingindo 8.402 GWh impulsionada pela retirada das restrições da pandemia e recuo da variante ômicron. De acordo com dados mais recentes da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS/IBGE), o setor de serviços cresceu 7,4% em março, comparado a 2021. Transportes e serviços auxiliares profissionais, administrativos e complementares, além daqueles prestados às famílias e de informação e comunicação foram os que mais contribuíram para o desempenho.

Todas as regiões do país registraram elevação, com Norte (18,4%) liderando a expansão, seguida pelo Sul (14,9%), Centro-Oeste (10,6%), Nordeste (7,6%) e Sudeste (1,1%). Minas Gerais (39,8%), Rondônia (23,7%), Amazonas (22,4% ) e Espírito Santo (20,2%) foram os estados que mais se destacaram no mês. Enquanto Maranhão e Ceará foram os únicos a terem queda, de 5,5% e 0,8%.

No segmento residencial a taxa de crescimento foi de 5,4% em março, atingindo o valor de 13.923 GWh. A melhora de indicadores econômicos e o aumento do emprego no país, frente à crise gerada pela Covid-19, refletiram no resultado. O aumento do ciclo de faturamento de algumas distribuidoras e a elevação da temperatura em algumas regiões também contribuíram na análise da EPE. Sul (9,2%) e Norte (8,3%) anotaram as maiores expansões, seguidas pelo Sudeste (5,1%), Centro-Oeste (4,4%) e Nordeste (2,8%).

Quanto ao ambiente de contratação, o mercado livre apresentou alta 3,0% no consumo no mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica expandiu 0,8%.

Indústria retrai 3%

Por sua vez o consumo de eletricidade na indústria retraiu 3%, na comparação interanual. Ainda assim registra a segunda maior demanda para março dos últimos oito anos, com 15.076 GWh, perdendo apenas para março de 2021. A região Sul, com expansão de 3,5% no consumo de eletricidade, se destacou no período, enquanto o Nordeste cresceu apenas na margem. Já Sudeste, Norte e Centro-Oeste recuaram, com 6%, 5,5% e 1,6%.

Entre os dez segmentos mais eletrointensivos, produtos alimentícios (5,6%) é o ramo com a maior expansão pelo terceiro mês consecutivo, sobretudo no Sudeste e Sul, seguido por produtos químicos (5%), puxado por cloro-soda e fertilizantes nitrogenados no Nordeste, mas com contribuição dos intermediários para plásticos principalmente no Sul, além de papel e celulose (2,6%).

Já metalurgia apresentou a maior retração, com 3,3%, com a produção de alumínio respondendo pela maior parte da queda no consumo, impactado pela redução de 25% da produção de uma unidade no Pará, por um incidente interno na distribuição de energia da fábrica, conforme nota da empresa. Seguem a lista de baixas o segmento automotivo (11,2%), que ainda sofre com a crise dos semicondutores; e produtos têxteis (6,6%).

Outro ponto avaliado no levantamento é de que as exportações contribuíram para o comportamento da demanda na indústria. Segundo a Secex, entre os produtos nesse quesito em março estão a carne bovina (69,3%) e os farelos de soja e outros alimentos para animais (49%). Já minério de ferro, cobre e produtos semi-acabados de ferro ou aço tiveram reduções de 20,6% e 9,1% para os últimos dois casos.