A Isa Cteep fechou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 112,5 milhões, valor 63,5% abaixo na comparação ao mesmo período de 2021. O resultado, apresentado em teleconferência nessa quarta-feira, 4 de maio, é explicado principalmente pela decisão da Aneel sobre o reperfilamento das datas de pagamento referente a Rede Básica Sistema Existente (RBSE), que cria uma redução dos débitos no curto prazo.
Outro fator citado pela diretora executiva de finanças e relações com investidores da companhia, Carisa Cristal, é o menor volume de antecipações (sobras ou déficits de arrecadação pelo órgão regulador, repassados às empresas do setor), além do aumento de 10% das despesas financeiras e operacionais sobre o serviço da dívida decorrente das mudanças no cenário macroeconômico, com a elevação dos indicadores IPCA, CDI e TJLP.
“Em junho teremos o reajuste tarifário junto com a recomposição parcial da RBSE. Aliados às energizações de projetos no ano há expectativa de que nossa RAP terá um aumento de mais de R$ 560 milhões, além do reajuste monetário do ciclo pela inflação do período, eventos importantes para os resultados e a longevidade da companhia”, explica a executiva, afirmando que a redução no resultado será por 24 meses, com o retorno dos patamares previstos para julho de 2023.
Complementando as demonstrações, a receita líquida da transmissora totalizou R$ 715,4 milhões, redução de 16%, enquanto o EBITDA movimentou R$ 532 milhões, caindo 23,7% em relação ao primeiro trimestre de 2021. Por sua vez a dívida líquida cresceu 4,6%, chegando a pouco mais de R$ 7 bilhões, a maioria por debentures ligados ao IPCA.
Investimentos batem recorde
Por outro lado os investimentos da companhia atingiram recorde trimestral, com a aplicação de R$ 155 milhões em reforços e melhorias de ativos existentes, salto de 162% e consolidando a tendência de crescimento com aumento de capacidade e modernização de seus ativos desde 2020.
Aliás, um dos planos revelados na teleconferência é da destinação de aproximadamente R$ 500 milhões em reforços e melhorias operacionais nesse ano, valor acima dos cerca de 300 milhões apurados em 2021, com autorizações prontas para execução das trocas de equipamentos depreciados, que não geram rentabilidade e que são importantes para incrementar a capacidade na especificação técnica e aumentar a base de ativos remunerados.
Na avaliação do presidente da empresa, Rui Chammas, os gastos gerenciáveis, como pessoas, materiais e outros estão sobre o controle e cresceram menos que a inflação, admitindo não trabalhar com um plano ou previsão de medidas pontuais ou de reestruturação de custos.
“O que fazemos de forma permanente é buscar escalabilidade, com a capacidade de fazer mais projetos e gerir mais ativos, como os seis projetos que entram agora em operação e de uma maneira cada vez mais produtiva e sinérgica utilizando ferramentas digitais”, pontua, referindo-se às interligações Aimorés (MG), Biguaçu (SC), Itaúnas (ES), Ivaí (PR), Paraguaçu (BA e MG) e Três Lagoas (MS e SP). Esses projetos adicionarão R$ 380 milhões, representando incremento de 11,7% na Receita Anual Permitida (RAP).
Vale frisar que a companhia possui autorizações para 251 projetos com investimento de R$ 2,7 bilhões previsto pela Aneel para serem executados até 2025. Já em empreendimentos arrematados em leilão (greenfield), o aporte do período totalizou R$ 260 milhões, 11,4% acima do registrado no primeiro trimestre do ano anterior.
Questionada sobre uma eventual participação no próximo leilão do setor, marcado para junho, a diretora executiva de Operações, Gabriela Desire, disse que a empresa sempre olha as oportunidades e que esse será um dos maiores certames já feitos pela Aneel, contando com cerca de R$ 15 bilhões em investimentos. “Deve haver um ambiente competitivo e temos 13 lotes, sendo três concentrando 80% do valor do aporte, podendo ter uma diversidade de players conforme a característica dos lotes”, analisa.