A CPFL Energia possui dois pontos principais de preocupação ao longo de 2022. A inadimplência e a venda de energia. A empresa vê uma tendência de alta na primeira e queda na segunda em decorrência das perspectivas macroeconômicas no Brasil neste momento, direções estas que deverão se manter ao longo de todo o ano.
Segundo o CEO da empresa, Gustavo Estrella, em relação ao mercado a companhia está preocupada em relação aos indicadores como PIB que afetam diretamente a demanda por energia. Além disso, disse ele em teleconferência com analistas e investidores, a tendência é de queda no mercado na comparação com 2021 por conta da leve retração no primeiro trimestre, de 0,02% e as estimativas de que a economia recue 1%.
Como consequência da queda da economia, Estrella revelou que a inadimplência é outro ponto de preocupação. Houve crescimento na comparação com 2021 justamente pela retração na renda das pessoas, principalmente aquelas de menor renda.
“Este fator está ligado a dois principais pontos, o cenário macroeconômico, com impacto na renda dos clientes e essa percepção de queda é maior nos clientes de baixa renda do que nos outros, que estão sujeitos ao aumento da inadimplência”, ressaltou ele. “Com a bandeira de escassez hídrica houve impacto importante, que combinado com a economia e queda da renda traz cenário desafiador”, reforçou ele.
Estrella afirmou ainda que em relação a esse indicador, a CPFL Energia vem realizando mais ações de cobranças para mitigar os efeitos. E ainda, a manutenção do que ele classificou como “patamares elevados de cortes”, são cerca de 200 mil cortes por mês como forma de controlar o não pagamento das contas por clientes.
“Essa não é a solução para o problema, o que precisamos é de recuperação econômica para que haja o controle da inadimplência. A tendência macro é desafiadora até o final do ano”, comentou ele.
Suspensão de reajustes
Para Estrella, a tentativa de redução da tarifa por meio do Congresso Nacional, na forma do PDL 94/2022 é uma questão conjuntural apenas. Na sua avaliação a resposta que deveria ser dada passa pela alteração estrutural que é o caminho para resolver a questão.
Outro ponto que o CEO da CPFL Energia defendeu é a manutenção do arcabouço regulatório como pilar central das ações. E lembrou que todo o investimento privado foi viabilizado por causa dessas regras estáveis ao longo dos últimos 20 anos. Ele cita como sendo importante essa questão porque preserva os contratos assinados, a capacidade de pagamento.
“São soluções como estas com a qual devemos trabalhar, tendo a participação de todos os agentes envolvidos, para que de fato tenhamos a convergência de soluções”, defendeu ele citando como exemplo a questão dos empréstimos mais recentes que ajudaram a reduzir e diluir o impacto da crise hídrica na tarifa da energia.