A Aeris obteve um lucro líquido de R$ 1,2 milhão no primeiro trimestre de 2022, redução de 93,1% quando comparado ao 4T21. “Projetamos agora o segundo trimestre um pouco mais de 40% de crescimento nos megawatts entregues e naturalmente os resultados econômico-financeiros devem acompanhar a mesma tendência”, ressaltou em teleconferência Bruno Vilela, CEO da companhia.
O EBITDA no 1T22 atingiu R$ 54,3 milhões. De acordo com a empresa, as linhas de produção maduras geraram R$ 52,1 milhões de EBITDA, uma redução de R$ 4,4 milhões em relação ao 4T21, resultado motivado pela redução da capacidade produzida dedicada à exportação decorrente das transições de linhas de produção realizadas no 4T21. A despeito do menor volume entregue para as linhas maduras, a margem EBITDA mostrou-se resiliente atingindo 11,3% no 1T22. As linhas não maduras geraram R$ 1,3 milhões com margem de 2,0%, enquanto as unidades de negócios de serviço, tanto no Brasil quanto nos EUA, apresentaram EBITDA de R$ 0,9 milhão com margem de 11,9%. O desempenho da unidade de negócio de serviço no Estados Unidos foi negativamente afetado pela sazonalidade nesse período.
“O desempenho veio pior do que o histórico e está associado ao período de frio mais intenso que o normal nos Estados Unidos, onde o volume de vendas por lá nesse trimestre ficou bem abaixo do que a gente vinha tendo e deve ser recuperado ao longo do ano”, disse Vilela.
No 1T22 a Receita Operacional Líquida atingiu R$ 536,8 milhões, uma redução de 8,9% quando comparado ao 4T21. Aproximadamente 70% desta variação deve-se à venda de pás, que apresentaram queda de 11,1% (em MW) em relação ao 4T21, consequência das transições de linhas de produção realizadas no segundo semestre de 2021. A redução foi parcialmente compensada pelo aumento do preço médio de vendas de 12,4% (em USD/MW) decorrente do repasse do aumento dos custos de materiais diretos.
A companhia investiu R$ 29,4 milhões no 1T22, principalmente destinados a conclusão das adequações fabris necessárias para o atendimento das transições de linhas de produção instaladas no 4T21. “A Aeris tem um volume a ser dedicado a investimentos no segundo e terceiro trimestre e está associado à conclusão da instalação das máquinas e equipamentos para atender as linhas que estão no estágio não maduro que vão atingir maturidade a partir da metade do ano”, complementou o executivo.
Offshore fora do Brasil e hidrogênio verde
De acordo com a Aeris, a invasão da Ucrânia pela Rússia e o prolongamento do conflito intensificaram o cenário pessimista e trouxeram mais um tema para as potências econômicas europeias: Segurança Energética. Mais de 40% do gás consumido pela União Europeia vêm da Rússia, o que torna a resolução do conflito ainda mais complexa uma vez que a sanções impostas ao governo de Putin coloca em risco o suprimento de energia de toda a Europa. A resposta dos líderes europeus para este cenário foi dada no dia 11 de março, em Versailles, com o compromisso de acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis, diversificar as importações de gás natural, fortalecer o mercado de hidrogênio, acelerar a implantação de energia renovável e melhorar as interconexões da rede elétrica em todo o continente.
“A Europa vai voltar a ser um grande mercado e se bobear maior que os Estados Unidos, principalmente pela segurança energética”, disse Vilela. Porém, ele ainda declarou que a empresa tem interesse em investir nos EUA. “O presidente Joe Biden ainda não conseguiu aprovar o pacote de infraestrutura e esse pacote vai definir se será interessante financeiramente instalar uma fábrica lá. Um cliente nosso já anunciou que vai instalar uma fábrica por lá e um outro está aguardando esse plano ser aprovado para poder tomar as decisões de investimento O estado já está definido porque lá existe os benefícios estaduais e os federais e um dos estados que está dando mais benefícios e demandas é Nova York. Com isso, se a regra do federal incentivar e viabilizar a instalação de uma fábrica de pá offshore nos Estados Unidos a gente deve se instalar no mercado de Nova Iorque”, explicou.
Bruno Vilela ainda destacou que o mercado brasileiro continua em crescimento e a Aeris deverá se planejar para capturar oportunidades. “No Brasil, as empresas estão estudando bastante a questão do hidrogênio verde porque talvez vão utilizar a geração de offshore para conseguir gerar hidrogênio de verde e exportar para a Europa”, finalizou.