A Auren Energia encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 18 milhões, valor 86,7% inferior aos R$ 136 milhões embolsados no mesmo período de 2021. A companhia divulgou suas demonstrações financeiras na última sexta-feira à noite, reportando quedas de 2% e 43,3% na receita líquida e Ebitda, que ficaram em R$ 1,3 bilhão e R$ 294,2 milhões respectivamente.
Por sua vez a dívida líquida da empresa diminuiu 47,3% no período, encontrando-se em pouco mais de R$ 1,5 bilhão, contra mais de R$ 2,9 bilhões no ano anterior, graças ao aporte do acionista controlador, CPP Investments, no âmbito da reorganização societária. A alavancagem nos últimos 12 meses é de 1,53x, contra 2,20x na comparação anual.
A produção nas hidrelétricas Porto Primavera e Paraibuna diminuíram em 6%, atingindo 821 MW médios, reflexo ainda dos efeitos da crise hídrica no ano passado na bacia do Paraná. Já a geração eólica das centrais Ventos do Piauí I e Araripe III cresceu 22%, resultando em 132 MW médios.
Transmissão pode ser um novo negócio
A estratégia de expansão da companhia baseia-se principalmente no desenvolvimento do seu pipeline de 1,9 GW em projetos, a maioria solares, analisando também ativamente o mercado de fusões e aquisições para ativos complementares ao seu portfólio, como eólicas e UHEs, e que reduzam a volatilidade dos resultados.
Na teleconferência dos resultados nessa segunda-feira, 16 de maio, o diretor-presidente, Fábio Zanfelice, disse que a empresa avalia um novo braço de negócios envolvendo o segmento de transmissão, com o desafio recaindo no retorno desejado, mas identificando sinergia com outros atributos interessantes da área.
“Fará sentido para nós começar com uma plataforma mínima de ativos já existentes, a fim de entrar já com competividade e não via leilões”, comentou.
O executivo enxerga uma concorrência cada vez maior no mercado por ativos performados e que tem seus impactos em como as negociações estão sendo feitas. Com relação a preços tem observado o aumento do Capex para solar e eólica, ainda que nos valores de longo prazo não haja ainda um aumento direto, mas com uma tendência de incremento na curva longa. “Os consumidores continuam procurando e trabalhando sua estratégia de compra, alguns em longo e outros no curto prazo, muito em função do quão dependentes são suas atividades da energia elétrica”, pontua.
Quanto a estratégia de alocação de capital para crescimento, Zanfelice negou existir algum deadline específico para utilizar o caixa da companhia ou partir para uma política de dividendos mais agressiva, reforçando que essa busca com retorno agregado leva um certo tempo. “Não tínhamos expectativa de que logo no início tivéssemos oportunidades no mercado, é uma construção ao longo do tempo”, afirma.
Já na parte da comercialização o diretor-presidente ressaltou que a companhia vem investindo muito na digitalização dos processos e no aumento da capilaridade para atender a um maior número de clientes, sempre de olho na agenda de modernização do setor com o PL 414 e a iminente liberalização do mercado.
“Estamos usando data analytics para entender os melhores algoritmos para tomadas de decisão e auxiliar no atendimento desse mercado a partir de novos produtos e serviços, com índices de flexibilidade e simplicidade muito maior que atualmente é o mercado”, finaliza Fábio Zanfelice.